Carlos Frederico March
(Freddy)
Nos
posts anteriores eu apresentei a Abadia de Weltenburg, falei por alto das 10 cervejas
que são fabricadas pela matriz alemã e já no 2º post apresentei as 2 cervejas claras
que o Grupo Petrópolis está fabricando sob supervisão direta da Weltenburger Kloster
Bräuerei, num total de 4 rótulos.
Tivemos
a oportunidade de, em 2011 em Nova Friburgo/RJ, nos reunirmos em família para
degustar esses 4 tipos de uma só vez, as 2 claras e as 2 escuras. A foto
apresentada mostra 4 garrafas vazias (uma de cada tipo das diversas degustadas)
e apenas um copo, o da hefe-weissbier dunkel por questões didáticas, dado o seu
formato característico.
Degustação Weltenburger Kloster em família
|
Nesse
3º post completarei a apresentação falando das 2 cervejas escuras: a Hefe-Weissbier
Dunkel e a Barock Dunkel. Em primeiro lugar, deixe-me esclarecer que há uma
distinção sutil entre uma cerveja ser “dunkel” ou “schwarz”. A primeira é
“escura”, a segunda é “preta”. Até recentemente não tínhamos nenhuma dunkel no
mercado brasileiro, apenas pretas. As mais conhecidas eram as Malzbier (preta
doce encontrada sob diversas marcas) e a venerável Caracu (tipo stout).
Conhecedores vão me apontar uma ou outra preta fabricada por aqui em alguma
época passada, mas nenhuma dunkel.
Lembro-me,
sim, de uma exceção: faz já algum tempo a Antarctica fabricou a München, que
era efetivamente uma dunkel. Hoje em dia o mercado floresceu e além das pilsen (preferência
nacional) temos não só schwarzbier e dunkel como também ale irlandesa, bock,
indian pale ale (IPA), weissbier, etc etc etc.
Digamos
que estamos vivendo um renascimento mundial das cervejas, tendo alcançado até
os EUA, pífio reduto há anos atrás e hoje um dos maiores mercados do planeta.
Lá é realizada de 2 em 2 anos a Copa do Mundo de Cervejas (World Beer Cup) em
San
Diego,
California, onde em 2012 houve concorrentes em nada mais nada menos que 95 categorias
diferentes! E você achava que difícil era entender de vinhos...
Cervejas
de trigo (weissbier ou weizenbier) chegaram ao conhecimento do brasileiro recentemente
com a fabricação da Bohemia Weiss. Aos poucos caíram no gosto de parte da
população. Vários fabricantes de pequeno ou grande porte já a produzem. Por
conta de que a quase totalidade das weissbiers não são filtradas e apresentam
um depósito de leveduras no fundo da garrafa, deve-se seguir o padrão de
serviço tradicional, ou seja:
verter
quase todo o conteúdo da garrafa no copo característico alto (ver exemplar na foto
acima), balançar a garrafa com o final do líquido e terminar de servi-la.
A
versão escura é muito pouco conhecida por aqui e foi para mim surpreendente que
a Weltenburger Kloester tenha feito sua opção pela Hefe-Weissbier-Dunkel
(escura) em detrimento da Hefe-Weissbier-Hell (clara). Em termos de mercado
nacional a torna
única,
já que as demais weissbiers escuras que eu conheço são importadas (Erdinger, Paulaner,
Weihenstephaner, Franziskaner, entre outras).
Tem
boa espuma, cremosa e persistente, seu teor alcoólico é mediano (5,3%). Seu sabor
ligeiramente torrado (como as dunkel em geral) apresenta notas leves de lúpulo,
levedura, pão, caramelo, um quê de chocolate amrgo, grãos de café, cravo e
especiarias.
Para entendedores, mais uns
15 tipos de paladares (rs rs).
Isso
nos traz à Barock Dunkel, para mim o melhor rótulo que a Weltenburger Kloster trouxe
para o Brasil. Classificada como sendo uma cerveja de puro malte escura tipo Abadia,
ela é um exemplar diferenciado dessa classe, sendo uma das mais antigas dunkel
fabricadas no mundo e digna representante da elegância da era barroca, tendo conquistado
o 1º lugar em sua categoria na citada World Beer Cup no ano de 2008.
O autor e sua preferida: Barock Dunkel |
Vendida em garrafas de 500ml,
latão de 473ml ou "keg" de 5 litros, seu teor alcoólico é
relativamente baixo (4,7%) o que não diz nada do sabor marcante e típico das
dunkel. Um quê de torrefação, caramelo, pão, há quem perceba notas de café e
até de chocolate. O inevitável mas presente
amargor é discretíssimo pois vem acompanhado de uma sensação adocicada do malte
que persiste ao final.
O
aroma é um dos pontos altos dessa excelente cerveja e posso testemunhar fato curioso.
Um dia, tendo tomado uma no escritório, enquanto digitava no meu desktop, comecei
a sentir um cheirinho agradável, como se fora um sachê no cômodo. Não demorou e
achei o motivo: a taça vazia de Barock Dunkel que eu havia deixado sobre a mesa!
Bom,
só nos resta agora sonhar com uma visita à matriz, onde além de conheer o deslumbrante
sítio onde a Abadia de Weltenburg e cervejaria anexa se encontram instaladas,
poderemos nos sentar num glamuroso biergarten e degustar todos os 10 tipos de
cerveja ali fabricados (hic!), acompanhados de quitutes típicos da culinária
alemã!
Abadia de Weltenburg e as falésias do Rio Danúbio |
Nota do editor: parte 1 em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/09/weltenburger-kloster-parte-1.html ; parte 2 em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/09/weltenburger-kloster-parte-2.html
Família bonita, Freddy.
ResponderExcluirVocê funciona bem como guia turístico e também como critico de cervejas.
Gostei da série.
Abraço
Obrigado, Gusmão.
ResponderExcluirCabe aqui um esclarecimento: a moça da esquerda é minha filha mais nova - Flávia. A da direita é Brenda, concunhada de Flávia. Ao fundo, minha esposa Mary. Minha filha mais velha, Renata, não estava nesse dia em Friburgo.
Por coincidência, hoje é aniversário de Renata. A gente brinca dizendo que ela tem sorte em não morar nos EUA, dado que seria muito mal vista se fizesse uma festa todo ano justo no dia do atentado às torres...
Abraços
Freddy
Gusmão,
ResponderExcluirTanto quanto você, Gusmão, imaginaria que eram pai, mãe e filhas.
Conheci a Mary muito rapidamente cruzando com o casal em rua do centro de Niterói.
Flávia e Renata conheço de nome. Já foram mencionadas aqui no blog. A Flávia, estou seguro, torce pelo Vasco. Quanto a Renata não tenho certeza.
A família é assim: pai simpático, bem humorado e gourmet; mãe elegante e chic (gosta de espumantes) e filha muito bonita e inteligente (afinal é vascaína).
Com efeito é uma bela família.
O tema do post permite discutir cerveja, turismo, religião (Abadia), Alemanha, natureza, etc.
ResponderExcluirMas já deram uma guinada para o futebol e para mulher bonita.
Tem razão, Anônimo.
ResponderExcluirA propósito, o que você tem a dizer sobre cervejas, turismo e religião?
Meus cumprimentos a Renata, pela data natalícia. Em nome do blog formulo votos de saúde, paz e pro$peridade. Como se dizia antigamente, numa síntese absoluta, tudo de bom.
ResponderExcluirPeço ao Freddy que seja portador dos votos, na hipótese dela não ser visitante deste espaço virtual, nem mesmo quando o papai publica seus posts.
PARABÉNS!!!
Parabéns Freddy!
ResponderExcluirComo sempre, uma bela aula!
Repassarei os votos, Carrano.
ResponderExcluirRenata também é vascaína, a mais fanática de toda a família e responsável pela "virada de casaca" de Mary. Sim, se não sabem, casei-me com uma flamenguista, mas por volta de 1996 Renata conseguiu o milagre e hoje Mary é vascaína ferrenha!
Abraços
Freddy
Ouvindo a conversa do aposentado.....
ResponderExcluir- “Muitos me perguntam, que fazem as pessoas depois de aposentadas ?” -
- “Bom, eu tenho a sorte de ser graduado em engenharia química e uma das coisas que mais me agrada fazer é transformar cervejas, vinhos e outras bebidas alcoólicas em urina.”
- "E estou indo muito bem!"