2 de agosto de 2012

Tristeza, decepção e vergonha em Londres




Foto: Juliana Carrano

A tristeza do dia, 5º das olimpíadas, foi derrota da Maria Sharapova, que perdeu para a alemã Sabine Lisicki, no tie-break.  Aos 25 anos dificilmente virá ao Brasil em 2016 representando a Rússia. Perderemos duplamente, pelo tênis que jogo e pela beleza que desfilaria em solo carioca. Ela começou muito jovem e já se percebe, nas reações, que a resistência física está diminuído. Teve um gesto de irritação, com ela mesma, que rebateu muito mal uma bola. Bateu fortemente com a raquete no piso e não sei como não a quebrou.


Double-decker

Entre as decepções uma já era esperada por este blog. Falo da seleção feminina de basquete. Muito fraca tecnicamente e muito sem tesão. Reitero que a geração de Paula, Hortênsia, Martha e Janeth  era infinitamente superior.

O vôlei feminino, atual campeão olímpico, ganhou a duras penas da Turquia, mas perdeu para os Estados Unidos e hoje para a Coreia do Sul. Ficou complicada a classificação. Não deixa de ser uma decepção.

A outra decepção foi inesperada. A colocação de Cesar Cielo, que não subiu ao pódio nos 100m, ficando em 6º lugar. Eu pessoalmente esperava que saíssemos das míseras 3 medalhas conquistadas no primeiro dia de competições. Mais que nada. Perece que nos 50m, prova na qual detém record mundial, terá mais chances. Se não conquistar o ouro que venha pelo menos um bronze.

Entre as vergonhas coloco as atitudes do judoca italiano Roberto Meloni que perdeu para o brasileiro Tiago Camilo e, além de reclamar o tempo todo, mau perdedor, na hora do ritual clássico dos lutadores frente a frente para proclamação do resultado, não manteve a postura corporal  correta e para receber o cumprimento do Tiago, não levantou o braço mantendo-o estendido ao longo do corpo, oferecendo apenas a mão baixa. Uma lástima. Nunca saberá vencer porque não sabe perder.

Vergonhosa também, a atitude do jogador galês convocado para a seleção de futebol na cota dos 3 acima da idade limite de 23 anos, para integrar a seleção britânica. Ganhou, inclusive, a faixa de capitão. E até este ponto não tinha nenhuma contestação. Foi convocado em detrimento de vários outros bons jogadores, alguns dos quais genuinamente ingleses e ainda ganhou a honra de carregar a faixa de capitão da equipe.
Todavia, na hora da execução do hino do reino unido, recusou-se a cantar sob a alegação de que o “God Save the Queen”, não é o hino oficial da Grã-Bretanha. Misturar política com desporto é bobagem. Se não concordava com os critérios do comitê olímpico britânico, poderia ter recusado a convocação. O David Beckham, por exemplo, ficaria feliz com a vaga dele  e a braçadeira de capitão.

E, finalmente, a maior vergonha até agora. A eliminação de 4 duplas do badminton, desclassificadas por suposto corpo mole. “Não teriam usado os melhore esforços para vencer”, segundo avaliação dos juízes. Duas duplas da Coreia do Sul, uma da China e outra indonésia jogaram sem combatividade e cometendo erros básicos, primários, para influir no chaveamento na etapa de quarta-de-fnal. Perder a partida significaria enfrentar um competidor mais fraco na etapa seguinte. Provavelmente estas duplas, ora desclassificadas, não poderão participara da competição em 2016, no Brasil. Que bom, menos trapaceiros entre nós.


17 comentários:

  1. Dois posts no mesmo dia. Está ficando igual ao RJ/TV, com duas edições diárias?
    :D Fernanadez

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  2. Pois é, como as edições dominicais dos jornais que têm mais cadernos nos finais de semana (rs).

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  3. Nem a partida de futebol masculino ontem eu vi... A cada dia estou mais frustrado com a participação brasileira nessa Olimpíada e, decerto, muito preocupado com o futuro.
    As aves de rapina políticas aproveitarão com certeza os próximos eventos esportivos para encobrir falcatruas e se beneficiarem da permanência no poder.
    Abraços
    Freddy

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  4. Já eu visito este blog, uma vez por outra, por causa do humor, da ironia e do sarcasmo que vejo em alguns textos.
    Se fosse pelas notícias ou comentários formais, na internet se encontra muito mais e em tempo imediato, no Facebook e no Twitter, porque muita gente vê TV plugada na rede e comenta no ato em que as coisas estão se desenrolando.
    Mantenha seu estilo, eu sugiro.

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  5. Freddy,
    Acabo de ler no globo.com que está na internet um vídeo com dois dos ginastas brasileiros (que estão em Londres), quando dos Jogos Pan-Americanos disputados em Guadalajara, no México, no ano passado, se masturbando e tomando cerveja.
    Nada contra a masturbação e nem contra a cerveja. Uma e outra, na hora e lugar certo, fazem até bem, além do prazer que proporcionam. Mas numa concentração, em alojamento da delegação brasileira, antes de competições intercontinentais?
    Será certo?
    Abraço

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  6. No Brasil não existe apoio aos esportes individuais. Nem por parte do brasileiro. As federações tomam atitudes arbitrárias o que prejudica os atetlas.
    Esse evento, as competições, que são as disputas visíveis, não fazem justiça ao esforço diário e exaustivo desses jovens.
    O momento não é para criticar o desempenho deles, e sim de se analisar as causas desse fracasso.

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  7. Prezados, confesso que até agora meu sino não tocou nessas Olimpíadas. Nem no show de abertura.
    Pra variar, continuo torcendo contra colonizadores.
    O único fato que me impressionou até o momento foi uma nadadora chinesa de 16 anos, que parece que voa nas piscinas ... e nada mais.
    Um dos meus filhos chegou lá ontem, e hoje está vendo o jogo de basquete do Brasil. Ainda não tenho detalhes da cidade, assim que os tiver posto por aqui.
    Sds TRIcolores

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  8. Ana Maria,
    Enfrentarei seu comentário aproveitando informação do Riva como gancho.
    Acabamos de perder, por um ponto, a tal partida de basquete masculino que o filho dele estaria assistindo.
    E perdemos por uma razão simples. Um tal Leandrinho, a quem já critiquei em post anterior, se acha o maioral e não é. Falta-lhe humildade, falta-lhe modéstia
    e falta-lhe inteligência.
    O comportamento dele, hoje e nas partidas anteriores, revela um mascarado, que se avalia muito acima do que é. Comete um terrível erro de juízo de valor sobre ele mesmo. Ele joga muito menos, para uma equipe, do que pensa que joga.
    Não tem autocrítica, para perceber quando não está bem, que o time é de 5 jogadores e nem sempre será ele o mais indicado para fazer arremesso. Duvido que na liga americana profissional ele se atreva a tentar arremessos estando desequilibrado ou bem marcado. E devolvendo a bola para o adversário.
    No lance decisivo da partida de ainda há pouco, ele não marcou o russo que fez o arremesso da linha dos três pontos, convertendo e liquidando o jogo.
    Caiu estabacado como uma libélula tonta, e na reposição de bola em jogo, uma vez mais tentou ser o herói arremessando a bola estabanadamente, tirando-nos a chance de voltar a frente do marcador.
    Agora pergunto: qual foi a atitude arbitrária da federação que atrapalhou o Leandrinho? Onde o esforço diário dele? Seria com a atriz que faz o papel de sua esposa e com quem trocava beijinhos pela internet?
    Ora, faça-me um favor.
    E o Cielo? Sexto lugar? Para ficar fora do poduim poderiam ter mandado meu neto (que aliás estava em Londres no mês passado e nem gataria a passagem).
    Alguns atletas são muito amparados, recebem propostas para comerciais de TV com bons cachês. E se deslumbram.
    Falei de autocritica lembrei do Diego Hypólito, que diz não desistir e com isso vai continuar queimando as parcas verbas de que dispomos para treinamento e participação em competições internacionais, ao invés de investi-la em jovens talentos.
    Digam o quiser do Pelé, mas saber parar é uma virtude.
    Estou tão irritado que fico por aqui.
    Beijo, mana.

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  9. Li um comentário hoje no jornal que me fez baixar um pouco a bola... Entre Olimpíadas, 4 anos inteiros, onde vemos no Brasil passarem na TV competições de esportes olímpicos que não sejam coletivos? A gente vê futebol à exaustão (verdadeiras peladas de aterro), vôlei e basquete. Nos individuais a bola da vez é o tênis.

    Talvez a culpa seja nossa mesmo. Ligaríamos a TV - ou lotaríamos ginásios - para ver uma seletiva de ginástica olímpica? De nado sincronizado? De tênis de mesa? De arremesso de peso, salto com vara, 100m rasos, etc etc etc?

    A TV só passa o que dá IBOPE e o IBOPE quem faz é o povo. A verba para esportes do governo é uma piada, comparada com o montante necessário para fazer campeões e um patrocinador só enterra dinheiro onde dá retorno. Uma coisa puxa a outra, de sorte que provavelmente a raiz do problema seja justo de raiz. De cultura. De educação.

    Não veremos o Brasil no pódio a menos que mudemos a atitude para com a educação e cultura, e daí com os esportes.

    abraços
    Freddy

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  10. Vou botar minha colher no caldeirão.
    Acho que o problema tem muitas faces. Tem a da responsabilidade das autoridades desportivas, confederações, etc. Tem a face governamental, pois falta-nos uma política voltada para o esporte (todos os esportes), embora exista um ministério para tratar do assunto. Tem a face de responsabilidade dos clubes em geral, não só os futebolísticos, que deveriam oferecer infra-estrutura e estimular os associados. E tem, também, a responsabilidade dos atletas. Estes precisam entender que a prática de esportes de competição, que exigem alta performance, obriga a abdicação de outros prazeres, pelo menos enquanto na faixa etária que permite a prática em alto nível.
    Muitos vivem apenas algum momento de brilho porque a exposição na midia e as chances de ganhos financeiros levam a perda de foco.
    O atleta tem que pensar que ele está nos comercial porque é bom jogador (nadador, ginásta, etc) e não o contrário. Não é porque faz comerciais e é convidado par badalações sociais, é que assegura direito de ser convocado e participar das seleções nacionais.
    A prioridade tem que ser o esporte. Já viram as mulheres australianas e americanas da natação? Nada de peito e nada de costas. Ou seja, não têm bustos e bundas. Ombros largos e pescoço grosso. As brasileiras querem se manter atraentes, com corpo esbelto esbelto.Enfim acho necessário um planejamento e um programa sério, com apoio inclusive psicológico (porque por vezes trememos nos momentos decisivos), e este seria um bom momento. Senão vamos fazer vexame em 2016.
    Abraços

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  11. Que bom que muitos acorreram ao debate, até alguns que andavam sumidos do blog.
    O melhor é que no frigir dos ovos, como se diz nos papos informais, todos acabam por ter um pouco de razão. Melhor assim, é do somatório de ideias e do contraditório que aflora algo parecido com a verdade.
    Obrigadão a todos.
    Abraços

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  12. Releia meu comentário. Fiz referência a esportes individuais, cujos atletas não recebem salários de clubes , com assistência médica, apoio em treinamentos e fisioterapia. Qual o incentivo para formação de campeões? Os poucos que conseguiram se sobressair, estão desgastados. O Cielo, e os Hipólitos sofrem o peso de todas nossas expectativas sobre seus ombros.

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  13. Interessante como os americanos, os sul-africanos, os filandeses, os ubesques e de outras nacionalidades não sentem o peso sobre seus ombros.

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  14. Hmmm, Carrano... Discordo em parte.

    Os americanos sentem uma pressão enorme - até a Primeira Dama lhes cobrou medalhas! Os chineses estão sob pressão absoluta, uma necessidade imensa de liderar o mundo, suplantando os EUA. Os russos estão sob pressão para recuperarem uma hegemonia que tinham quando faziam parte da URSS.

    Portanto, pressão existe. A diferença é que há uma estrutura por trás das equipes e dos esportistas individuais, muita dedicação, uma cultura esportiva que vem de berço, seletivas que alguns dizem serem mais rigorosas que as provas olímpicas...

    O Brasil a gente já conhece...
    Abraço
    Freddy

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  15. Pois é, Freddy. Você acaba por corroborar meu entendimento. O que pretendi foi exatamente sugerir que todos os atletas, de todos os países, sofrem pressão.
    Na antiga União Soviética até eram presos em alguns casos, ou suas famílias sofriam represálias.
    Na Colombia mataram o irmão de um jogador de futebol porque o mesmo perdeu uma penalidade, se não me engano.
    E os cubanos de Fidel, coitados, obrigados a ganhar e a ganhar.
    É isso mesmo, todos de um modo ou outro são pressionados. Até pelas famílias. Os pais podem alegar: "fizemos tanto esforço por você e você não retribuiu nosso sacrifício"
    A vida é dura. Só os mais bem preparados física, técnica e emocionalmente vencem.
    No campo emocional o brasileiro ainda está longe de um padrão de vencedores, com raras exceções.
    Abraço

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  16. Equivoquei-me achando que a derrota de Sharapova havia custado sua eliminação do torneio olímpico de tênis.
    Antes pelo contrário, ela avançou na competição e vai disputar medalha de ouro, pela primeira vez.
    Vale lembrar que em Pequim ela não disputou por conta de uma contusão que a afastou momentaneamente das quadras.

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  17. Em matéria assinada por Alexandre Lozetti e Leandro Canônico, no Globo.com, em 06/08/2012 11h57 - Atualizado em 06/08/2012 15h32,
    encontro uma entrevista com Thiago Pereira criticando o excesso de vaidade na preparação feminina. O nadador lamenta resultados ruins das brasileiras em Londres e compara:
    "Nos Estados Unidos, elas colocam a competição acima da vaidade. - Falta mais comprometimento, acreditar um pouco mais e abrir mão de muita coisa. É até engraçado. Nos Estados Unidos, as meninas ficam como a gente, não raspam nada e só raspam para melhorar na hora da prova. Elas colocam a competição acima da vaidade. Aqui, elas nadam, nadam... - disse o nadador".

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