Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Eu não pretendo comentar todo o cenário musical das cerimônias de abertura e fechamento das Olimpíadas de Londres. No entanto, não posso negar que estava ligado desde que a bandeira olímpica foi repassada ao prefeito de Londres em Beijing, dado que tivemos como pano de fundo Jimi Page (Led Zeppelin) tocando Whole Lotta Love, letra e música que representam uma selvagem relação sexual. O que esperar a partir disso?!
Eu não pretendo comentar todo o cenário musical das cerimônias de abertura e fechamento das Olimpíadas de Londres. No entanto, não posso negar que estava ligado desde que a bandeira olímpica foi repassada ao prefeito de Londres em Beijing, dado que tivemos como pano de fundo Jimi Page (Led Zeppelin) tocando Whole Lotta Love, letra e música que representam uma selvagem relação sexual. O que esperar a partir disso?!
A Inglaterra foi o berço do
estilo musical que mexe com minhas entranhas. Se ele tem raízes nos blues
americanos, nas garagens dos subúrbios, tocado em pubs cavernosos, não me
interessa. Uma guitarra com distorcedor arrepia meus cabelos mais íntimos, eu que
fui criado ouvindo Mozart, Beethoven, curto um coral religioso e toco Chopin...
Não pretendo discutir com
meus neurônios...
Mike Oldfield - Tubular Bells
|
A
cerimônia de abertura começou com Mike Oldfield tocando trechos de Tubular
Bells (que foi usada no filme O Exorcista), e terminou com Pink Floyd (Eclipse,
faixa de encerramento de seu mais famoso disco, Dark Side of the Moon) e a
seguir Sir Paul McCartney. Ele tocou a minúscula The End (bem a propósito) e
emendou com Hey Jude para incendiar o estádio com o indefectível coro, que teve
recentemente no Rio de Janeiro sua expressão mais emocional, com a convocação
via redes sociais para que o povo viesse
todo com placas que formaram um mar de "na-na-na-nanana-na" na multidão.
A
cerimônia de encerramento teve diversos elementos dos Beatles, além de muitos outros
ícones do presente e passado, muitos dos quais eu confesso desconhecer.
Tivemos
Queen com imagens de Freddy Mercury e The Who! Tivemos George Michael, Bond
(aquelas lindas mocinhas tocando violino e cello), MUSE, reunião das Spice
Girls...
Completem
com os outros que vocês conhecem.
Vangelis no estúdio |
E
durante todas as cerimônias, tivemos como pano de fundo o tema principal da
trilha sonora do filme Charriots of Fire, composição de VANGELIS, nome
artístico do grego Evangelos Odysseas Papathanassiou, também one-man-band como
Mike Oldfield, mas especialista apenas nas artes dos teclados e sintetizadores.
O referido filme versa sobre superação em esportes olímpicos.
O
que eu gostaria de destacar nisso tudo, abertura e encerramento? Por partes...
A
escolha de MIKE OLDFIELD logo no início me emocionou. Um de meus ícones do rock
progressivo, esse multi instrumentista típico representante do que denominamos de
one-man-band toca quase tudo - e não estou falando das modernas produções computadorizadas
com sintetizadores. Ele toca instrumentos reais, um monte deles, de cordas a
percussão, de teclas a sopros. Seu imenso galpão de instrumentos parece uma eclética
loja de música! Digamos que, a par do uso de sua conhecida trilha do Exorcista na
cerimônia, evidenciar um músico que tem tal habilidade foi no mínimo uma
sincera homenagem à classe. Na oportunidade ele tocou, se não me falha, baixo.
THE
BEATLES usado à larga. Não é de se espantar pois é referência musical no mundo todo,
comercialmente falando. Sir Paul (abertura) não tocou seus sucessos da era solo,
tocou Beatles. No encerramento tivemos "A day in the life",
espetacular descrição do cotidiano de um apressado londrino, bem escolhida
dentro do enredo da cerimônia.
The Beatles - Abbey Road |
Tivemos
de quebra a impressionante performance virtual de John Lennon tocando Imagine,
cuja letra pode nos levar às lágrimas numa cerimônia que envolve, entre outros,
diversos países em conflito.
Pink Floyd - The Dark Side of the Moon |
PINK
FLOYD... Rock progressivo originalmente com uma veia psicodélica, é a meu ver a
maior expressão musical de todo o cenário rock. Uma apresentação deles ao vivo
(ou DVD) é de deixar você pelo menos uma semana sem querer ouvir mais nada.
Destaco
o fato de usarem-no, como aos Beatles, em ambas as cerimônias. Na abertura, achei
curioso escolherem Eclipse, fechamento de um disco que descreve o ocaso mental de
Sid Barrett, fundador da banda que enlouqueceu pelo uso de drogas pesadas. No encerramento,
o uso de Shine on You Crazy Diamond foi bacana porque possibilitou efeitos
audiovisuais interessantes (o equilibrista e o cara de terno pegando fogo, referências
da capa do referido disco).
Freddy Mercury (Queen) |
QUEEN,
com imagens virtuais de Freddy Mercury e a apresentação ao vivo de Brian May. O
que acho paradoxal nessa inclusão é típico do sutil humor britânico. Primeiro, o
nome da banda: Rainha - seria uma falta de respeito com a Família Real? Depois,
a homossexualidade explícita de seu falecido líder, um dos maiores cantores do
rock.
Nada demais, não fosse usual
os concertos do Queen terminarem com o dito cujo adentrando o palco seminu,
envolto no manto real mais cetro e coroa, ao som do hino da Grã-Bretanha tocado
pelo restante da banda!
THE
WHO... OK, quem se lembra do início dessa banda? Em plena década de 60, The Who
era famoso pelos seus concertos absurdamente energéticos, que invariavelmente terminavam
com Pete Townshend selvagemente quebrando sua guitarra. Compositores da mais
famosa ópera-rock de todos os tempos - Tommy - The Who atravessou as décadas
como representante inquestionável da história do rock e foi mui adequadamente homenageado
na grande festa, terminando com See Me, Feel Me, canção ícone da referida
ópera.
The Who (nos anos 60) |
Em
resumo, os britânicos mostraram ao mundo sua imensa contribuição ao que hoje
consideramos corriqueiramente como música pop / rock. Não se avexaram em evidenciar
o ácido humor visual do Queen, o explícito psicodelismo do Pink Floyd, a
selvageria do The Who, misturado a outras tantas vertentes musicais antigas - destacando
The Beatles - e atuais que têm como berço a Grã-Bretanha. Tudo em nome de
apresentar a história da música como escrita por eles, britânicos.
Dificilmente teremos outras
Olimpíadas como as de Londres.
Caro Freddy,
ResponderExcluirComo tive oportunidade de comentar em email, quando recebi seu texto, gostei muito da abordagem.
Para aqueles que, como seu, não são muito versados em rock, progressivo ou não, trata-se de uma excelente bula.
Obrigado pela colaboração.
Abraço
Acho que os Beatles estão para o rock, como Monet está para o impressionismo, Back para a música erudita e Pelé para o futebol. São todos eternos.
ResponderExcluirAbraços
Gostei, na abertura, da sacada de colocar o Agente 007, a serviço de Sua Majetade.
ResponderExcluirCaro Gusmão,
ResponderExcluirAcho que você queria se referir a Bach, na música. Foi traído pelo teclado do computador. É o chamado erro de digitação. Afinal o K e o H estão próximos, não é mesmo?
Quanto ao comentário Anônimo, também achei bem bolada a cena com a rainha, e admirei seu (her) desprendimento, sendo, como é, tão austera e presa a protocolos e convenções.
Abraço
Se estão falando de Johann Sebastian Bach, concordo que seja referência na chamada música clássica.
ResponderExcluirTambém acho, como o blogueiro, que o post está bem articulado.
:D Fernandez
Agradeço a generosidade com que trataram meu equívoco de grafia.
ResponderExcluirDa próxima vez darei Vivaldi como exemplo, porque terei menos chance de errar ao escrever (rs).
Abraços
Freddy,
ResponderExcluirConclui falando da parte brasileira no final ......e o que nos aguarda.
Riva
Não chegaria ao ponto de dizer que Monet, que Bach, que Pelé abriram caminhos, ou que os Beatles o fizeram sem a ajuda de outros tantos que com eles conviveram na mesma época e compartilhando os mesmos espaços. O contexto histórico e cultural do momento em que viveram ajudou.
ResponderExcluirPara mim, arte é arte. Eu não gosto muito de classificar, apesar de concordar que é didático. Como escrevi no post, se meus pelos arrepiam com o som de uma guitarra distorcida, não discutirei com meus neurônios dizendo que eu deveria gostar mais de uma harmonia erudita, ou de um piano Steinway, ou do som de um violino Stradivarius. Arrepiou? Tô gostando!
Abraço
Freddy
Perdão, Freddy, mas não disse que os citados artistas abriram caminhos. Disse ou pretendi dizer, que eles são referências, ícones, em cada um dos segmentos de arte: pintura impressionista, música clássica, rock e futebol.
ResponderExcluirQuanto ao mais sou como você, tem que emocionar para me agradar. Ou pelos arrepiados ou olhos umedecidos.
Abraço
Sobre a parte brasileira, confesso que me surpreendi positivamente. Acho que elementos audiovisuais que são usados em desfiles de carnaval podem ser efetivos. Há muita riqueza de folclore (considerando o país como um todo). Essa riqueza usada com parcimônia e inteligência pode resultar numa bela festa.
ResponderExcluirCreio que a cerimônia de enceramento é que vai ser uma zona, os organizadores vão soltar a franga! Mas aí já terminou...
Abraços
Freddy
Gostaria muito de assistir Jogos Olímpicos na Áustria. Sintonia fina, certamente. O resto é periferia metida à besta.
ResponderExcluirDificilmente haverá Olimpíadas na Austria.
ResponderExcluirRepito aqui o comentário feito em
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/08/nossas-homenagens.html
“Precisamos parar de produzir turistas olímpicos. A lei de incentivo tem que ser mudada. Não podemos desperdiçar dinheiro assim”.
Você pensa que esta frase é de alguma autoridade esportiva brasileira? Errou!
Ela é do ministro dos Esportes da Áustria, Norbert Darabos, fazendo críticas ao rendimento dos atletas do país, que não conseguiram uma medalha sequer.
(Lido na página globo.com)