Carlos Frederico March
(Freddy)
Em inglês há umas frases que descrevem melhor uma determinada ideia que suas traduções em português, literais ou não. Uma delas é “there’s no free lunch” (não tem almoço grátis), que significa que para se obter uma coisa sempre se entrega algo em retorno.
Hoje eu falarei sobre outra, que afirma
“don’t take it for granted” (não se fie nisso, ou algo parecido).
Diz respeito a nosso costume de acreditar que o cenário sobre
o qual depositamos nossas expectativas nunca será alterado. Um exemplo pessoal:
passei minha vida juntando dinheiro num fundo de pensão e acreditei que poderia
viver de renda.
Assim que me aposentei o cenário econômico mudou! Os
reajustes de aplicações ditas “seguras” mal repõem a inflação real, de modo que
retirar “rendimentos” na verdade diminui o principal. Foi-se meu projeto de
aposentadoria!
Deixemos contudo mazelas pessoais de lado e foquemos no que
me trouxe a esse tema.
Hoje somos dependentes de um modo de vida que só é possível
por conta de que, bem acima da atmosfera terrestre, há uma verdadeira legião de
satélites que garantem as comunicações mundiais. Internet, GPS, telefonia
celular, informações globalizadas em tempo real, são alguns dos exemplos de
serviços sem os quais a maioria de nós não conseguiria viver.
“We are taking for granted” (estamos nos fiando em) que nada
acontecerá que destrua ou torne inoperante por um significativo período as
redes de comunicações que sustentam esses serviços, que além do segmento
espacial têm uma parcela – hoje pequena comparada ao todo - realizada por
transmissão terrestre: via rádio ou fibra óptica.
O que pode vir a perturbar destrutivamente esse “status quo”?
Um ataque nuclear terrorista pode tornar inoperante chips num certo raio de
ação, desativando centros de controle. Numa dessas guerras que costumam pipocar
aqui e ali, uma facção pode ter sucesso na investida contra alguns desses
importantes alvos.
Fantasia? Nem tanto.
Fantasia? Nem tanto.
Probabilidade remota? Decerto, mas maior que zero. Existem
também perturbações que, sem chegar ao exagero de derrubar totalmente os
sistemas, causam suspensão temporária dos serviços.
Quem as provoca?
Existe lá em cima uma estrela que é a garantia de vida no
planeta, estrela essa que os cientistas sabem que tem um temperamento terrível.
Alguém já viu imagens de suas erupções eletromagnéticas?
Línguas de fogo que engoliriam milhares de Terras! Nesses eventos, o Sol lança no espaço quantidades estarrecedoras de partículas ionizadas, que eventualmente vêm em nossa direção e penetram na atmosfera - que age como uma capa protetora e bloqueia a maior parte, mas não toda a radiação sideral incidente. Não há controle sobre as explosões solares, apenas uma torcida. Torcida para que elas nunca sejam de tal monta que cheguem a nos afetar significativamente.
Línguas de fogo que engoliriam milhares de Terras! Nesses eventos, o Sol lança no espaço quantidades estarrecedoras de partículas ionizadas, que eventualmente vêm em nossa direção e penetram na atmosfera - que age como uma capa protetora e bloqueia a maior parte, mas não toda a radiação sideral incidente. Não há controle sobre as explosões solares, apenas uma torcida. Torcida para que elas nunca sejam de tal monta que cheguem a nos afetar significativamente.
Erupções com potência fora do usual já devem ter acontecido
vez por outra na história do Sistema Solar, apenas numa época em que a
humanidade ou não existia ou não era totalmente dependente de comunicação como
hoje, seja via satélite ou terrestre.
O que temos de momento são estudos que comprovam a relação direta entre o comportamento eletromagnético do Sol e perturbações das redes de comunicação. Há inclusive suspeitas de que alguns acidentes aeronáuticos tenham sido causados por falhas nossistemas de navegação que coincidiram com ocorrência de explosões solares de grande magnitude.
O que temos de momento são estudos que comprovam a relação direta entre o comportamento eletromagnético do Sol e perturbações das redes de comunicação. Há inclusive suspeitas de que alguns acidentes aeronáuticos tenham sido causados por falhas nossistemas de navegação que coincidiram com ocorrência de explosões solares de grande magnitude.
Onde isso pode chegar? Não é impossível que haja um dia
desses uma erupção solar com intensidade tal que a emissão de partículas dela
decorrente venha a “fritar” os sensores eletrônicos que mantêm essa miríade de
satélites funcionando e perfeitamente sincronizados, servindo-nos fielmente.
Nesse dia, que pode muito bem ser amanhã, perderemos a garantia sobre a qual depositamos toda a nossa vida moderna. Nossa fonte inesgotável de energia, o nosso estimado Sol, pode ter um ataque de nervos e jogar a maior parte da estrutura global de intercomunicação literalmente no lixo!
Nesse dia, que pode muito bem ser amanhã, perderemos a garantia sobre a qual depositamos toda a nossa vida moderna. Nossa fonte inesgotável de energia, o nosso estimado Sol, pode ter um ataque de nervos e jogar a maior parte da estrutura global de intercomunicação literalmente no lixo!
Algum de vocês imagina o mundo sem comunicação global,
internet, telefonia celular, GPS? “Don’t take it for granted” deveria ser o
lema de quem monta a estrutura de telecomunicações que sustenta toda a
sociedade atual, mas em capitalismo assume-se riscos. Não faz sentido
disponibilizar back-up para situações com baixíssima probabilidade de
ocorrência, como é o caso do assunto em pauta. Quem se importa com algo que
nunca testemunhamos?
É bem mais fácil e barato supor que nessa loteria não seremos
jamais sorteados.
Erupção eletromagnética no Sol - 07/06/2011 (foto: NASA Solar Dynamics Observatory) |
O blog se especializou em tragédias. É furacão que destrói cidade, é atentado terrorista com bomba nuclear que destrói um país e até erupções solares que derreterão o planeta.
ResponderExcluirLembra aqueles filmes catástrofes.
:D Fernandez
Who cares?
ResponderExcluirEstá virando quase uma marca registrada do blog os "comentaristas" fugirem do tema central do post, para discutir coisas paralelas. Por vezes nem tangenciam o cerne do tema colocado.
ResponderExcluirIsso quando não resvala para o futebol.
Que tal discutir que o planeta já viveu sem sitemas de comunicações como hoje existentes, e ainda assim evoluiu.Sinais de fumaça, pombo-correio, mensageiro a cavalo, arautos.
É bem verdade que se a Terra for "fritada" para que serviriam as comunicações?
Obrigado, Freddy. Colabore sempre.
Abraço
Prezado Freddy,
ResponderExcluirFora os especialistas no assunto, quem tem 51 como eu ou mais, provavelmente ja' pensou no cenario de viver sem GPS, Internet, celular e mesmo computadores isso porque vivemos parte de nossas vidas sem nada disso... Eu pago uma linha telefonica comum (terrestre) e praticamente nao uso, porque penso que na eventual perda da telefonia celular e ate' mesmo da Internet DSL ainda sim terei uma alternativa... de comunicacao mesmo que com perda de eficiencia...Seria interssante ver o provavel despero da galera nova (na casa dos 20) numa situacao dessas. Abracao , Ricardo (maybe I am not taking completely for granted)
Um de cada vez!
ResponderExcluirAnônimo tem razão em seu comentário: Who cares?
Eu mesmo terminei o post dizendo isso (em português), pois não faz sentido tomar providências sobre algo com tão baixa probabilidade de ocorrência.
Carrano: a Terra não será "fritada". Mas se o Sol ficar nervoso, a sociedade vai ficar totalmente desorganizada. Ninguém conhece mais sinais de fumaça nem código Morse. Em breve não teremos nem livros em papel como fonte de consulta. Como refazer o mundo a partir do zero?
A todos: não se trata de cinema catástrofe, é apenas uma forma de passar o tempo refletindo sobre uma coisa ou outra. Hoje política, amanhã futebol, depois mulheres (ops!), quem sabe astronomia...
Abraços e bom fim de semana.
Freddy
Ah, voltando ao Anônimo sobre o blog só tratar de tragédias... Basta abrir o jornal, ou assistir a noticiários de TV. Não tem outra coisa!
ResponderExcluirAté em futebol, dependendo do time pelo qual torcemos, só tem tragédias!
=8-) Freddy
Big Jorge e Freddy,
ResponderExcluirSo pra dar continuidade ao meu comentario e fazer uma piadinha, c/ o Jorge, digo que esperamos todos com certeza que uma erupcao solar que cause interferencia nos satelites nao ocorra durante a Copa do Mundo, imagina ter ouvir os jogos pelo radio com antes de 1970!
Lembro bem, Ricardo, da transmissão da copa de 1954, ouvindo em ondas curtas, o som indo e vindo,para sofrer com Puskas liquidando com nossa seleção.
ResponderExcluirAbraço
Não falei lá no alto (primeiro comentário) que iria resvalar para futebol? E foi o Freddy que puxou o assunto.
ResponderExcluirAbraços
Ué!
ResponderExcluirO mundo não foi feito a partir do zero? Explica aí, Carlos Frederico.
Eu li Issac Asimov o suficiente para ter em mente a enorme gama de possibilidades que vão desde uma definitiva explosão, até ao simples esfriamento do sol. Além disso temos os astros desgovernados que andam circulando pela Via Láctea e arredores.
ResponderExcluirSabemos tb que ogivas nucleares vivem sob a guarda de radicais que talvez ignorem a devastação que causa o artefato.
Temos noção que a cada dia uma nova bactéria super resistente surge dizimando muitas vidas.
E daí? Vai ter sol neste fim de semana, e vamos poder assistir o futebol tomando uma breja gelada.
Depois a gente reza e pede proteção Divina.
.... e acabou em futebol mesmo ..... KKKKKKKK
ResponderExcluirSobre o tema, realmente não me incomoda essa possibilidade.
Me incomoda mais a real possibilidade de que um dia vou desaparecer para sempre ! No more family and friends, no more motorcycles, no more Led Zeppelin, no more sea and mountains and wind, no more USA trips, no more tears ... no more me.
FLUi
Riva
Acabou em poesia, o que é muito melhor.
ResponderExcluirEnquanto estamos considerando fantasia nossas toscas conversas sobre erupções solares ou terraforming, nesse exato momento um alegre e dedicado grupo de cientistas da NASA está debruçado sobre os controles remotos da sonda-robô Curiosity que está pousada dentro de uma cratera marciana, programa de 2,3 BILHÕES de dólares. O próximo passo deve ser uma missão humana a Marte.
ResponderExcluirOutro grupo de cientistas estuda noite e dia como lançar um foguete para alterar a trajetória de asteroides que sejam detetados em rota de colisão com a Terra, usando energia nuclear ou propulsão iônica. Projeto seriíssimo da NASA e parceiros, que tira o sono de quem sabe o que tem lá em cima.
Não, não é ficção nem poesia, é o cotidiano científico de países de 1º mundo. Nós? Estamos saindo da Idade da Pedra, econômica e culturalmente.
Bom fim de semana
Freddy
Hoje, dia 6/9/2012, saiu no Globo uma imagem impressionante de uma proeminência do Sol comparando-a com o tamanho da Terra.
ResponderExcluirhttp://oglobo.globo.com/ciencia/nasa-divulga-imagens-que-revelam-tempestade-solar-6015807
Quem estiver dando milho aos pombos vai acabar é com um imenso saco de pipoca na mão (rs rs rs).
Abraços
Freddy