Carlos Frederico March (Freddy)
Quando
eu estava lendo a coluna "Strange Universe" do Bob Berman na edição
de Abril/2012 da Astronomy Magazine, deparei-me com sua surpresa acerca de como
dicionários conceituados da língua inglesa estão aceitando pronúncias
"alternativas" para objetos astronômicos, "desvirtuando" a
cultura americana.
Não
é a primeira vez que me deparo com a arrogância demonstrada pela mídia
americana em impingir a pronúncia americana a nomes científicos, seja de
plantas, animais, astros ou o que quer que lhes caia nas mãos. Não bastasse a
luta que é fazê-los aceitar o Sistema Métrico Internacional.
Reconheço
que a Astronomy Magazine, mesmo sendo uma publicação americana, nesse pormenor é bem razoável. Transcrevo um
trecho de texto à página 22 da referida edição que atesta a seriedade
científica dessa revista. Para cada medida no sistema inglês, o correspondente
métrico internacional é informado entre parêntesis.
Original:
"Kepler-20e orbits its parent star every 6.1 days
at a distance of only 4.7 million miles (7.6 million kilometers), so its
surface temperature is a scorching 1,400º F (760º Celsius)".
Traduzindo:
"(O
planeta) Kepler-20e orbita sua estrela mãe a cada 6,1 dias a uma distância de
apenas 4,7 milhões de milhas (7,6 milhões de quilômetros), de modo que sua
temperatura superficial são tórridos 1400º Fahrenheit (760º Celsius)"
No
entanto, seus colaboradores são relativamente independentes e têm liberdade
para dar cor pessoal a seus textos. A surpresa de nosso estimado colunista
apareceu inicialmente ao ouvir no filme "Contact" (baseado em livro
de Carl Sagan de mesmo nome) o nome da estrela Vega, destino dos protagonistas
da trama, como nós a pronunciamos: "VE-ga". Para Mr. Bergman a
pronúncia correta é algo assim como "VEE-guh" (ou "VÍ-ga" para
melhor entendimento de nós, de língua portuguesa). O pior, a meu ver, é que ele
define a pronúncia americana como a "preferencial".
Mais
abaixo no texto, sua crítica acrescenta diversos exemplos de nomes de estrelas muito
conhecidas como Mira e Spica. Segundo Mr. Bergman, a pronúncia correta e
preferível seria "MÁI-ra" e "SPÁI-ca"., em vez do que os
dicionários modernos americanos e ingleses estão aceitando, que é "MI-ra"
e "SPI-ca", como nós latinos as pronunciamos.
Como
parêntesis, minha argumentação não pretende abranger alguns nomes que têm
denominações nativas. Exemplificando: nós, brasileiros, dizemos Sol, Terra e
Lua. Os americanos e demais países de língua inglesa dizem: Sun, Earth and
Moon. Nada contra. No entanto a comunidade científica internacional usa o latim
para normatizar a nomenclatura de animais, vegetais, bactérias, fungos, minerais, estrelas, etc. Em se usando o
latim, não vejo motivo algum para que essas palavras sofram as adaptações
linguísticas de cada idioma.
Mr. Bergman é
colunista respeitado de uma publicação que, apesar de ser dirigida a amadores,
lida com assuntos científicos. Portanto, gostaria que Mr. Bergman admitisse que
os nomes oficiais das estrelas, planetas e demais objetos astronômicos, são
derivados do latim (eventualmente do grego ou árabe). Querer impingir a
pronúncia americana aos nomes e expressões originais é uma arrogância e um
verdadeiro menosprezo à comunidade científica internacional.
Como deveríamos dizer: marcha da cannabis sativa ou marcha da maconha mesmo? Como os americanos tratam a erva?
ResponderExcluirDe várias formas, acrescidos da palavra March (hmmm) : Marijuana, Weed, Green, Chop, Dope, Gunja, Reefer, Roach, Pot etc.
ResponderExcluirPor aqui, na minha época, década de 60, era simplesmente Cristina .... Tim Maia até fez uma música em homenagem.
Sds TRIcolores
Êta mundo véio!
ResponderExcluirVoltemos ao mundo dos astros e estrelas, foco principal das considerações do Freddy.
A propósito, Freddy, Kepler-20e, não é um planeta é um forno crematório.
Abraços
He He He ! Falou o Riva52 !
ResponderExcluirEssa questão da pronúncia de nomes pelos americanos já me incomoda há anos. Mas acho que é implicância minha mesmo, porque aqui fazemos parecido - só que não declaramos para o mundo inteiro qual é a pronúncia que achamos correta! Essa é a diferença, a arrogância americana em querer ditar as normas!
Eu e os japoneses compramos NIkon, mas os americanos compram NÁIkon! Detalhe, a marca é japonesa... Tudo bem, não fosse a experiência desastrosa de você entrar numa loja nos EUA e pedir uma NIkon...
Quanto ao planeta Kepler-20e, caro Carrano, poderei quem sabe fazer um pequeno texto, para leigos como nós, sobre os planetas que a comunidade astronômica alardeia ter encontrado por aí.
Abraço
Freddy
Não entendi o porque do foco em "astronomia", quando a língua inglesa, na verdade, invade a cultura de todo o planeta.
ResponderExcluirJá era assim, e aumentou com a web operando, e com a globalização.
Irreversível. Foco Comercial e Marketing.
E lá vamos nós deletar, printar, hackear, carros March, EcoSport, iPads-Pods-Phones, email, e-learning, e-business, bluetooth, downloads, e-ticket ..... etc.
Latim ? Totalmente inviável, comercialmente falando.
Na minha visão, ainda bem ... adoro a língua inglesa, sua sonoridade, seu vocabulário simplificado, objetivo. 100% alinhada com o destino do ser humano, que daqui a algumas décadas não será mais francês, ou argentino, ou brasileiro, ou chinês ....será cidadão do planeta Terra, e pronto.
E ainda bem, para a música ... Como seria cantar Blue Moon ... Hyacintho Luna ???? rsrs
Sds TRI
Caro Riva,
ResponderExcluirConcordo em que há uma grande chance de no futuro sermos todos somente terráqueos. Mas "nosso" idioma será o inglês ou o mandarim?
Ou grego, só para sacanear os extraterrestres que aqui aportem?
Freddy,
Venham os textos sobre estes planetas que estão sendo descobertos e as implicações disto para nós da Terra.
Abraços
Acho que Riva52 não me entendeu...
ResponderExcluirEu não estou falando COMERCIALmente.
Eu estou comentando de como a comunidade CIENTÍFICA deve tratar a nomenclatura oficial que é escrita em latim.
Se é para nomear cientificamente em inglês ou mandarim, que mudem as regras dos comitês internacionais e o façam, mas se é em latim, que se pronuncie corretamente.
No entanto, reconheço que a arrogância americana só será dobrada pelo mandarim (rs rs).
<:o)
Freddy
Não entendí. Porque sacanear falando grego? Alguma coisa contra?
ResponderExcluirNão, Anônimo, nada contra. É só para podermos aproveitar a expressão popular: Será que estou falando grego? Caso o alienígena não entenda o que estivermos falando (risos, por favor)
ResponderExcluirFreddy,
ResponderExcluirSe é que o Riva não entendeu, não seria o caso de perguntar para ele: será que estou escrevendo em grego ?(risos, de novo)
Abraço
Acho o nosso (me apoderei rsrs) blog sensacional.
ResponderExcluirO cara faz um tratado sobre astronomia, dá uma pequena aula, critica o estupro à nomenclatura latina utilizada pelos experts, e aí derivamos para a Cannabis Sativa, extraterrestres x terráqueos, que possivelmente estarão falando mandarim ou grego, e agora apontamos para uma discussão sobre preconceito ..... como se escreve isso em grego ? Ah, peguei na web : θίγει
Demais !!! Show esse blog e seus participantes (100% masculinos ....cadê elas ?)
Sds TRI
O blog é nosso mesmo, Riva. Já imaginou como seria monótono, insípido, se não fosse a interação? As intervenções dos seguidores, simpatizantes e afins, são o tempero que dão algum sabor aos posts.Use e abuse da parte que lhe cabe neste latifúndio.
ResponderExcluirQuanto às mulheres, onde estão as suas? Você só reclama da ausência das outras (rs)?
Abraço
E daí, e daí?...
ResponderExcluirVamos ao que diz Olavo Bilac
Ouvir Estrelas
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Quanto a Spica, lembram do radinho de pilha com capa de couro? Muita gente já pronunciava Spáica, mas por puro moralismo, evitando corar as moçoilas...
Beleza Ricardo. Atacou, muito a propósito, com o "principe dos poetas brasileiros".
ResponderExcluirLembro do Bilac como autor da letra do Hino a Bandeira.
E ainda desenterrou um item esquecido nas brumas do tempo: o radinho Spica. Pouca gente lembra.
Boa memória.
Abraço
Voltando ao tema pronúncia, lembro de dois episódios. Um real o outro poderia ser uma piada, embora tenham me contado como verdadeiro. Começo pela segunda. Era um palestrante brasileiro, de nome Paiva, em Boston. Colocaram na mesa, diante do local onde ele sentaria, um suporte com o nome: Mr.Paiva. As pessoas o chamavam de Mr. Peiva. Ele, então, corrigiu e colocou na plaquinha Peiva. Ficou sendo chamado de Piva. Já irritado, corrigiu seu nome para Piva. Passou a ser tratado de Mr. Paiva, finalmente.
ResponderExcluirO caso verdadeiro deu-se comigo num coquetel de final de ano, no Sindicato da Indústria de Perfumaria, em São Paulo.
Num grupo um americano falava dos clubes de jazz, em NY. Quando houve uma deixa, resolvi exibir minha cultura jazística e perguntei alguma coisa sobre Art Teitum. Ele me olhou e mandou "how is that again?" E somente quando pronunciei o nome Tatum ele entendeu. Eu, pedante, dei pronúncia americana ao nome latino. Ele explicou que o mestre do piano tinha o mesmo nome do pai Arthur Tatum e originariamente o nome era de origem latina mesmo. Portanto tatum.
Mas 9 entre 10 pessoas pronunciam Teitum aqui no Brasil. Ou não?
NO outro dia o locutor estava se atrapalhando com o pronúncia do jogador Nasri, da seleção francesa. Ele falava Nasrí(acentuando o i). Alguém alertou que ele era de origem argelina e portanto a pronuncia seria násri, com o "a" acentuado.
E agora? Durma-se com um barulho destes.
Abraço
Quebrei um Spica naquele maldito jogo Brasil 1x3 Hungria em 66. E era de estimação, com capa de "couro"/napa azul. Quando ALbert meteu o terceiro, mandei o radinho no chão da calçada, e ainda esmigalhei o que sobrou dele.
ResponderExcluirQuanto às minhas mulheres, amigo Carrano, há somente uma, e ela não é chegada a escrever. Lê TUDO, mas não responde ...... vai aos poucos. O processo é parecido com o de subir na garupa da Maga, minha motocicleta ... levou tempo, mas subiu.
Abrs ..... e olha ,,,,, não é que no mesmo post, demos várias voltas ! Começamos com as estrelas, e já estamos no futebol !!! hahahaha
Pois é Riva. Nem vou comentar sobre a esculhambação que foi aquela seleção de 1966, para não alimentar assunto diferente do foco do post.
ResponderExcluirAbraço
Essa foto da Strelitizia é muito bonita. Mas já foi publicada aqui no blog.Lembro dela e de uma outra, de uma joaninha (inseto).
ResponderExcluirA flor lembra vagamente o pássaro de mesmo nome, ou seja, ave-do-paraíso.
Abraços
Não, Gusmão, no post Macrofoto era outra foto da mesma Estrelítzia, ambas tiradas em 22/08/2004 nos jardins do condomínio Parcville em Friburgo!
ResponderExcluirAbraço
Freddy
Nada contra, mas estimulado pelo comentário do Gusmão sobre já ter visto essa estrelítzia antes, devo lembrar que o poema Ouvir Estrelas de Bilac já foi postado por mim na área de comentários sobre meu post "Reflexões sobre o Universo - Impetuosidade x Comedimento" em 29/02/2012. Na oportunidade, nomeei-o conforme achei: Soneto XIII (1888).
ResponderExcluirAbraços
Freddy
Em primeiro lugar, parabéns ao Gusmão pelo senso de observação e memória. Como informa o Freddy a foto não é a mesma. Mas a planta com a flor, sim.
ResponderExcluirQuanto ao "Ouvir Estrelas", do Bilac, parabéns ao Freddy, pela associação da poesia com a ciência.
O Ricardo, por certo, não lembrava ou não leu o post "Reflexões sobre o Universo..."
Inspiração lirica coletiva (rs)
Abraços para o Freddy, para o Gusmão e para o Ricardo