Queria
escrever alguma coisa para definir a importância do Ivan Lessa, para minha
geração de ávidos leitores do Pasquim.
O Geneton Moraes Neto já
cunhou a frase definitiva: “A taxa de mediocridade acaba de dar um salto: Ivan
Lessa saiu de cena.”
Ivan Lessa faleceu
sexta-feira, dia 8, em Londres, onde vivia desde 1978. Era filho de dois escritores
Orígenes Lessa e Elsie Lessa.
A internet já está cheia de
manifestações e comentários de amigos, histórias e casos protagonizados por
Ivan Lessa contadas por quem teve o privilégio de conviver com ele.
Para
a presidente Dilma Rousseff “o Brasil perde um de seus cronistas mais
talentosos”.
E o blog do Planalto adita:
“Ivan Lessa foi um escritor indomável. Foi irônico, mordaz, provocador,
iconoclasta e surpreendentemente lírico – acima de tudo brilhante no trato com
as palavras”.
E Miguel Paiva disse: “Tinha
que ter bom humor para viver com Ivan Lessa”
Bem, não privei da
intimidade e sequer da companhia do
Lessa. Mas por um destes mistérios inexplicáveis, tinha com ele uma enorme
identidade. Nas coisas mais inusitadas, como admiração por Billy Eckstine, que
para quem não sabe foi um band leader, trompetista e cantor americano, fera do jazz. E
também por Frank Sinatra, mas aí já éramos ele, eu e milhões de pessoas.
Meu conhecimento de parte da
obra do Ivan Lessa não se limita aos escritos do Pasquim. Lá, no citado semanário,
ele protagonizou com Paulo Francis, um debate dos mais lúcidos e inteligentes,
um de Londres, que amava; o outro de Nova York cidade pela qual era apaixonado.
Os dois, ao lado do Millôr Fernandes,
mestre de Ivan Lessa, como ele se
referia ao amigo, formavam um trio de jornalistas do melhor quilate. Os três,
dois recentemente, faleceram mas
deixaram obras importantíssimas, por isso não serão esquecidos.
Eu me divertia muito com as
respostas aos leitores, dadas por Edelsio
Tavares, pseudônimo criado pelo Ivan, que se passando por jornalista da
equipe respondia as cartas reais ou fictícias com muito humor e ironia. E
curtia a Horta da Luzia, seção onde rememorava filmes, músicas e artistas
antigos da nossa adolescência. Ele era 5 anos mais velho do que eu.
Ultima crônica do Ivan Lessa publicada na BBC Brasil |
Não sei o que dizer para
homenagear Ivan Lessa, passarei esta tarefa para meu amigo e colaborador
bissexto deste blog, Ricardo dos Anjos, também jornalista, escritor e publicitário,
como o paulista, de alma carioca, ontem falecido.
Rest in peace!
O Ivan Lessa tinha um estilo meio difícil de ler ou é deficiência minha?
ResponderExcluirAbraço
Minha cultura literária é muito pequena, admito. A única coisa que lembro de ter lido escrita por algum Lessa foi "A Desintegração da Morte" (do Orígenes) e não gostei nem um pouco. Provavelmente, como leitor do Pasquim em priscas eras, devo ter lido algo do Ivan, mas confesso que não consigo ligar homem à obra.
ResponderExcluirAbraços
Freddy
PS: o uso da expressão "priscas eras" pode dar um bom debate!