1 de fevereiro de 2012

Aprendizado e agruras com a lingua inglesa

Superdrug MARBLE ARCH
508-520 OXFORD STREET
LONDON
W1C 1NB
0207 493 7036
Vou discorrer sobre minhas experiências com o idioma do pêra sacudida.

E começarei por uma situação bisonha que protagonizei em Londres. Precisava comprar Redoxon, ou um similar, para ajudar a fortalecer o organismo para combater uma incipiente gripe que me ameaçava, acho que por causa da baixa temperatura e principalmente umidade que encarei.


E queria a forma efervescente.

Entro na Superdrug (vide mapa) bastante movimentada e começo a procurar nas prateleiras. Se tivesse encontrado não teria feito o papel ridículo que narro a seguir.

Vou e volto pelo corredor, examinando as prateleiras com as vitaminas, e  nada.
Resolvi consultar, mas não havia atendente à vista. A solução, expertise brasileira, foi ir até o caixa, onde havia umas três pessoas aguardando atendimento, pacientemente, em fila.

Posto-me ao lado da primeira pessoa da fila, uma senhora de meia idade, e mando para a caixa: - Excuse-me, I’m looking for vitamin C, but a wanna that one if you put in water glass, and  it makes “shiiiiiiiiii”.
A senhora que estava sendo atendida, sem alterar seu semblante austero, sem mover uma ruga, diz para a cashier: - He wants effervescent, I suppose.

- That’s it, brado entre surpreso e feliz. E assim sou conduzido a gôndola onde estava a desejada Vitamin C, Effervescent, 1000mg, Orange Flavour, 20 tablets.
Simples assim.

Ora, se eu estivesse em Buenos Aires, teria mandado um portunhol e resolvido o assunto. Em Londres não me pareceu adequado um portuglês, que ao fim e ao cabo teria dado certo.

Sim, porque vamos combinar que vitamin, effervescent e tablet nada mais é do que português faltando letra, mal grafado. Ou sobrando uma  e faltando outra letra, em efervescente.

A origem de meu vocabulário em inglês, antes do Yázigi, está nas partidas de futebol, nos filmes americanos e nas músicas americanas que gostava de ouvir.

O Jô Soares em seu mais recente livro (As esganadas) reproduz trechos da narração da partida entre Brasil e Itália, pela Copa de 1938. Estão ali as expressões que nós ouvíamos nas transmissões esportivas, e que acabavam por nos levar a pronuncias risíveis. Quer dizer, agora as acho risíveis.

Para começo de converso não havia narrador, era speaker. E o esporte era o foot-ball, adjetivado de viril esporte bretão.
Eis as primeiras palavras que aprendi: match, goal, foul, penalty, corner, center-half, center-forward, off side, stopper, back, goalkeeper, hand.

As pronuncias dos garotos, como entraram para o folclore, são deliciosas. Para nossos ouvidos havia um “centeralfe” e um “centrefor”. E era assim que explicávamos as posições que queríamos jogar nas peladas.

E tinhas as corruptelas. Danilo no Vasco, Dequinha no Flamengo, Mirim no Fluminense, Ruarinho no Botafogo, eram bons “centeras”.

Por falar em corruptela, lembro dos balconistas do Bob’s, rede de fast-food que surgiu no Rio no final dos anos 1950. Entre os pratos havia um de ovos fritos com presunto - ham & eggs - (aliás ótimo) que era servido na frigideirinha. Você pedia o prato e o balconista comandava em alta voz para o chapeiro: -  sai um “romanegue” 

Bem, se nas expressões futebolísticas e nos pratos do Bob’s as pronúncias eram estranhíssimas, os nomes dos artistas de Hollywood que desfilavam nas telas dos cinema também eram de doer.  Quem sabia pronunciar, corretamente, o nome da Ava Gardner? E do Humphrey Borgart, do Gary Cooper e outros?

Até hoje, meu filho mais novo – Ricardo – ainda sorri quando conto que eu adorava ver nos filmes de bang-bang, o Hopalong Cassidy (ator William Boyd) entrar no Saloon e bradar para os dois pistoleiros encostados no balcão: “Iú and Iú, gueralti riar”.


E imito, ou penso imitar, a voz do mocinho, com sotaque texano.

Mapa: Google

8 comentários:

  1. Seu inglês é pior do que o do Joel Santana (rs).
    Martinez :D

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  2. Pois é. Não é que se tratava da primeira vez em Londres. Pior, era a primeira viagem internacional. Valeu como lição. Foi uma das primeiras coisas que aprendi e passei a colocar em prática. Não conhecendo a palavra, no idioma local, a saída é dizer que em português dizemos de tal forma.
    Há uma chance enorme da palavra ser parecida na grafia e até mesmo na pronúncia.
    "In portuguese we say efervescente", e estaria resolvido o problema.

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  3. Aqui no Brasil, quando um "gringo" tenta falar português, e agride as concordâncias, erra em gênero, número e grau, com um sotaque carregado, a gente acha engraçadinho.
    Nós achamos que temos a obrigação de falar um inglês castiço, com entonação e empostação de Oxford.
    Isto só é válido para as relações internacionais, entre diplomatas, ou em trabalhos acadêmicos.
    Turista pode e deve se virar inclusive com mímica.
    Abraço

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  4. Gusmão, em recente vg aos EUA, eu e minha esposa assistimos a seguinte cena dentro de uma loja da NIKE : um senhor brasileiro comprando tênis para os netos, e tentando explicar para o vendedor (um garotão americano)os detalhes do produto ... tinha que ser de um azul "fuerte" (ele falava assim e cerrava os punhos pra se fazer entender), e repetia, "fuerte" ....
    A gente achou a cena super engraçada, e mais engraçado ainda foi quando vimos que o vendedor entendeu o que ele queria !!! (pano rápido)
    Abrs e Sds TRIcolores (vcs vão levar fácil esse Carioca)

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  5. Paulo,
    Antes que o Gusmão leia seu comentário (se ele voltar aqui), deixa eu esclarecer que ele é alvi-negro, torcedor do time da estrela solitária.A previsão é para o Bota?
    Quanto ao caso na loja da NIKE é parecido com o caso que narrei da vitamina efervescente.
    Num caso som, no outro gesto.
    Abraço

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  6. eu sei que ele é Botafogo, e acho que levam fácil o Carioca deste ano.
    Abrs

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  7. Será, Paulo?
    Acho que o Gusmão não acredita nisso. Vou alerta-lo.
    Abraço

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  8. Obrigado pela força Paulo. Mas acho que está mais para o Vasco do Carrano.

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