1 de outubro de 2011

Torres Homem

Estou me referindo ao Torres Homem F.C, time de futebol amador, que teve um jogador que ganhou um prêmio “Belfort Duarte”, em 1955.

Te peguei, hein!? Duas referências a  instituições das quais você nunca ouviu falar, num só post.

Depois explico melhor.

Vou situar o período no qual era conferido o prêmio e o clube de futebol amador jogava, inclusive contra a seleção nacional.
Homenagem a Niterói
Canto do Rio F.C.

Os times profissionais, no Rio de Janeiro, disputavam o Campeonato Carioca, com equipes cujas sedes ficavam na capital da república (Distrito Federal). Havia uma única exceção, pois o Canto do Rio F. C., tem sede neste lado da Baia de Guanabara, na cidade de Niterói, então capital do Estado do Rio de Janeiro.





Homenegem ao
Paulo March

Homenagem ao
 Gusmão

Gigante da Colina
Doze clubes disputavam o campeonato de profissionais, a saber, quatro considerados grandes, e aí se incluíam o Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense e Botafogo; dois considerados médios, quase grandes, que eram o Bangu e o America; e seis pequenos, de pouca torcida e baixo investimento, que eram o Bonsucesso, Olaria, Madureira, São Critovão, Portuguesa e Canto do Rio. Mais tarde foi admitido o Campo Grande.

Os jogos iniciavam, pasmem, às 15 horas, com sol escaldante. E não eram permitidas substituições (muito mais tarde, foi admitida a do goleiro). Com isso os reservas, principalmente dos grandes clubes, que tinham elencos fortes, para não ficarem inativos e também para que houvesse um atrativo para o público que chegava mais cedo aos estádios, disputavam  uma competição paralela, que era chamado de “Campeonato de Aspirantes”.

Como mencionei, os confrontos entre os aspirantes dos clubes grandes, eram verdadeiros clássicos, com bons jogadores em campo. Eram as preliminares do jogo principal.
Sabem a que horas começavam os jogos dos aspirantes? Às 13 horas. Insanidade. Hoje os jogos têm início às 16 e às 17 horas, e ainda assim são “feitas paralizações técnicas” nos dois tempos das partidas, para hidratação dos jogadores.

Imaginem o jogador contundido, digamos com uma distensão muscular, não poder ser susbstituido e permanecer em campo, “fazendo número na ponta esquerda” como gostavam de dizer os narradores, ao se referirem aos lesionados que para não deixarem as equipes com menos jogadores em campo, iam para a ponta esquerda, capengantes, para fazer sombra ao adversário e ocupar espaço.

Era uma época de quase amadorismo, e os jogadores demonstravam amor e respeito a camisa que vestiam.

Pelo manhã, às 10 horas, eram disputadas as partidas envolvendo as equipes de juvenis, estas amadoras mesmo, até que os que mais se destacavam, assinavam contrato profissiona.

Os três torneios, profissionais, aspirantes e juvenis eram disputados pelos mesmos clubes. Assim, quando o Vasco ganhava do Flamengo, ou vice-versa, nas três categorias, dizia-se que fez barba, cabelo e bigode, numa alusão comparativa ao que faziamos no salão de barbeiro.

A classificação na tabela era feita por pontos perdidos. O perdedor perdia 2 pontos; nos empates, obviamente, os dois clubes envolvidos perdiam um ponto cada; o vencedor não perdia pontos. Ao final da competção, o clube que acumulasse menos pontos perdios era sagrado campeão.

Bons stempo, quando a Vasco ganhar campeonatos era uma rotina e não um fato raro, que causa surpresa, como atualmente.

Bem, nestes tempos românticos, foi criada uma distinção, simbolizada num troféu, que tinha o nome de “Prêmio Berfort Duarte”. Abaixo, no rodapé, detalhes sobre este prêmio.

Um zagueiro da Vasco (Moyses?) cunhou uma frase que ficou célebre, ao anunciar que “back que se preza, não ganha o Berfort Duate”, para justificar a maneira viril com que jogava.

E o Torres Homem, onde entra na história? Bem, este e outros clubes amadores, disputavam também uma competição, eram considerados celeiros para as equipes profissionais, porque revelevam bons jogadores.

O Torres Homem é o único que ainda lembro do nome, porque ele serviu de sparring para a seleção brasileira, que se preparava para competições internacionais, em mais de uma oportunidade. E um de seus jogadores, no ano de 1955, ganhou o já citado “Prêmio Belfort Duarte”


Nota do editor: O Prêmio Belfort Duarte, oferecido entre 1946 e 1981, pela CBD (atual CBF) homenageava com uma medalha de prata o jogador de futebol profissional, e com uma de ouro o amador, que passasse dez anos sem sofrer uma explusão, tendo jogado pelo menos 200 partidas nacionais ou internacionais.


                                                                                 APÊNDICE

O André Luiz tanto insistiu que mobilizamos todos os amigos e seguidores na captura do escudo do Torres Homem. Até que hoje, finalmente, o Carlinhos conseguiu e enviou.

Ei-lo abaixo. Verifique, caro André, que pode  estar sujeito a direi tos autorais.



22 comentários:

  1. Boas lembranças essas, Carrano. Veio à minha memória ao ler sobre jogadores capengantes o Reinaldo, aquele o Atlético Mineiro. Depois de apanhar bastante - todos os backs sabiam de seus joelhos e aproveitavam sob conivência dos árbitros, como hoje - e em campo porque as substituições permitidas já haviam sido realizadas, ele capengando fez um belo gol no Flamengo. Lembra da cena?
    Abraços vascaínos
    Carlos

    ResponderExcluir
  2. Lembro sim, Carlos.
    Mas nessa época, como você mencionou, já eram possíveis substituições. Porque mais velho um pouco(rsrsrs), alcancei a época em que não eram permitidas. Muito jogador ficava em campo no sacrifício.
    Hoje, alguns mercenários, por um simples corte na coxa ou um pequeno calo, ficam dois meses no departento médico.E ganham muito mais dinheiro do que os jogadores da época a que me refiro.
    Abraço
    Bom domingo!

    ResponderExcluir
  3. Com satisfação dou as boas vindas a mais nova seguidora do blog: obrigado "Canto da Boca".
    Espero que encontre, aqui neste espaço, coisas interessantes, instigantes, dicas e imagens bonitas.
    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Eu fui a muitos jogos do Canto do Rio, que utilizava o Caio Martins quando "jogava em casa". Meu pai era sócio do clube (lá no Centro de Niterói), e entrávamos sem pagar para ver os jogos.
    2 jogos do Canto do Rio (com seu goleiro Franz) me marcaram muito ...rsrsrs....
    Primeiro : o Canto do Rio simplesmente não conseguia nenhuma vitória há anos e anos no Campeonato Carioca, e numa 4ª feira vadia, à noite, derrotou o Bonsucesso por 2x1 no Caio Martins .....simplesmente DERAM A VOLTA OLÍMPICA NO CAMPO depois da vitória, para delírio da sua "grande" torcida ....eu estava lá !!!!
    Segundo : eu tinha 12 ou 13 anos de idade, e odiava as audições de piano e acordeon que os alunos do Conservatório de Música realizava no Teatro Municipal. Eu era um dos alunos, e era obrigado a me apresentar junto com todos os alunos selecionados para o espetáculo, frente a meus pais, tios, avós, amigos dos tios e dos avós, teatro lotado. E foi aí que dei o Grito de Independência ou Morte dentro do matriarcado que imperava lá em casa. Num domingo ensolarado, todos se arrumando para irmos para o Teatro Municipal para as audições (minha e do meu irmão), "me mandei" para o Caio Martins (que era pertíssimo da nossa casa) e lá fiquei assistindo Canto do Rio x Olaria, para desespero dos meus pais que não sabiam onde eu estava - mas sabiam que eu tinha fugido .... nunca mais fui obrigado a tocar em público.
    Em tempo : Canto do Rio perdeu ...rsrsrs

    ResponderExcluir
  5. Paulo,
    Fui muitas vezes ao Estadio do Caio Martins, para assistir jogos de futebol ( e frequentei a piscina durante um curto período).
    Meu acesso era facilitado por duas razões básicas: meu pai era Juiz do Tribunal de Justiça Desportiva ao tempo do antigo Estado do Rio de Janeiro (antes da fusão). Quando fabveleceu, em 1963, era o presidente do órgão.
    A segunda razão é que eu era amigo do filho do dono dos bares existentes no estádio.
    Você pode ver que esta questão de muitos penetras que não pagam ingressdo é coisa antiga (rsrsrs).
    Abraço
    Ah! Na sede da cidade, mas não como penetra, fui a alguns bailes carnavalescos. O de sábado era ótimo.
    Bons tempos, meu amigo.

    ResponderExcluir
  6. O Canto do Rio chegou a ser campeão de um "Torneio Início", não foi?
    Ou estou enganado?
    Quando os chamados grandes vinham a Niterói, o Caio Martins enchia.
    E o "cantusca" tinha torcida.
    Òtimos tempos. Niterói era uma cidade excelente para se viver.
    Abraços
    Gusmão

    ResponderExcluir
  7. Sim, Gusmão. Foi em 1953. Veja o link da Wikipedia ......http://pt.wikipedia.org/wiki/Canto_do_Rio_Foot-Ball_Club
    Abrs ...Paulo

    ResponderExcluir
  8. O Canto do Rio foi protagonista da maior goleada do profissionalismo, em 06.09.1947 - Vasco 14 x 1 Canto do Rio.

    Obs: como todos devem saber, a maior delas foi em 1909, Botafogo 24 x 0 Mangueira, mas não era considerada a época do profissionalismo.

    ResponderExcluir
  9. Hoje não falo mais de futebol. O Fogão perdeu. A gente ia encostar.
    Obrigado, Paulo, pela confirmação do torneio vencido pelo Cantusca.
    Abraço
    Gusmão

    ResponderExcluir
  10. Fica triste não. Este provavelmente é o Brasileirão mais indefinido da história.

    Abraços
    Carlos

    ResponderExcluir
  11. Estava a procura de noticias do Torres Homem, e acabei me deparando com a informação de que este time foi o unico que teve um jogador a receber o premio Belfor Duarte, pois este jogador chamava-se Nelson Ferreira, faleceu ano passado, foi meu ex-sogro, eu queria noticias para mostrar ao meu filho sobre o avo, que se não engano era ponta direita....

    ResponderExcluir
  12. Gostaria de encontrar o escudo do Torre Homem. Não o acho em nenhum lugar.

    ResponderExcluir
  13. André, boa noite!
    O escudo também não localizei ainda.

    Mas neste endereço a seguir tem uma foto do time, em 1951. Você já conhecia?
    http://cacellain.com.br/blog/?p=80204

    (Você deve selecionar e colar na barra do navegador)

    Obrigado pela visita virtual.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Jorge. Já conhecia sim essa foto. Mas o escudo não encontro em lugar algum. Abraços.

      Excluir
  14. Caro André Luiz,

    Já que suas buscas continuam, vou retomar as pesquisas.

    E vou concitar amigos da velha guarda para ajudarem na empreitada.

    Se conseguir o escudo voltarei ao assunto

    E obrigado por continuar passando por aqui.

    ResponderExcluir
  15. Carrano e André Luiz: Lembro-me muito bem do Torres Homem, time amador (segundo me recordo) do futebol carioca. Disputava o campeonato da cidade pelo Departamento Autônomo, que só tinha jogadores amadores. Era a segunda fase da transição do futebol amador para o profissional, wue teve início na década de 30, com duas Ligas diferentes, a amadora e a profissional. O Torrrs Homem, na verdade, ganhou da seleção brasileira num jogo-treino preparatório para a Copa do Mundo...

    ResponderExcluir
  16. Verdade, Carlinhos, lembro bem deste fato.

    O que o André Luiz quer é encontrar o escudo do Torres Homem. Até agora também não localizei na internet.

    ResponderExcluir
  17. Na busca pelo escudo do Torres Homem, fui parar num sitio interessante, com algumas curiosidades, tais como um clube chamado "Onze Piranhas".

    Tem vários escudos, mas não o que buscamos.

    Por curiosidade visitem:

    http://cacellain.com.br/blog/?cat=59&paged=2

    (Selecionar o endereço e colar na barra do navegador)

    ResponderExcluir
  18. Jorge, continuo na busca pelo escudo do Torres Homem FC. Até agora nada.

    ResponderExcluir

  19. Preciso de mais um tempinho, André.

    Agora tenho uma nova fonte. Pode ser que consiga.

    ResponderExcluir

  20. At last!

    Consegui, André.

    Vou colocar como apêndice neste mesmo post.

    ResponderExcluir

  21. Volte aqui, André Luiz:

    https://jorgecarrano.blogspot.com/2011/10/torres-homem.html

    ResponderExcluir