Democracia e liberdade, sem limites, fazem muito mal, como tudo em excesso. Limites e responsabilidades devem ser impostos a todos e a todas as situações. Vejam se me entendem: os trabalhadores têm direito a greve, muito bem, é justo porque se trata de um instrumento de pressão importante (que deveria ser usado em casos extremados). Mas e o meu direito, como cidadão e contribuinte, de ter acesso aos serviços de bancos públicos como são a CEF e o BB? E de receber e postar minhas correspondências?
Seus direitos e os meus, todos sabemos, terminam no limite onde começa o dos outros, e vice-versa, o deles termina onde começam os nossos, ou não? Poder votar em candidatos com antecedentes criminais não é democracia, é falta de seriedade, é idiotice. Portanto a democracia exige regras, limites, para seu funcionamento, como o regime do povo para o povo.
Não bastassem as dificuldades que já enfrentamos na cidade, com o trânsito cada vez pior, as calçadas cada vez mais infestadas de camelôs, insegurança total, desmandos das autoridades, corrupção generalizada em todos os níveis e poderes constituídos, ainda temos que conviver com dificuldades impostas por excessos praticados por Sindicatos, que exercem um direito assegurado em lei, descumprindo normas da própria lei que lhes assegura.
A lei estabelece que nas atividades essenciais, pelo menos 40% dos serviços sejam mantidos. Mas quem cumpre? Sem controle das autoridades e sem punição para valer, ninguém cumpre.
No serviço público é uma aberração. Fazemos papel de idiotas, ficando sem o serviço e ainda pagamos, com nossos impostos, os vencimentos correspondentes aos dias de greve. Em pais sério, os sindicatos têm um fundo de greve e pagam eles, os sindicatos, os dias parados. Estes fundos são criados com contribuições da classe de trabalhadores.
Ficamos um mês sem funcionamento dos correios e estamos a duas semanas sem bancos.
A cumulação destas greves trouxe-nos enormes transtornos. Não vou descrever as dificuldades e o tempo perdido com obtenção de segundas vias das faturas de consumo. Cada caso é um caso. Mas me estarrece o deboche de algumas empresas que, com a omissão das autoridades, alertam que é possível obter segundas vias na internet, e ainda tripudiam dos mais idosos, no mau gosto da piada: “peçam aos netos, aos filhos, e eles tiram na internet a 2ª via.”
E aconselham: “paguem nas casas lotéricas”. Só que nestas só é possível pagar em dinheiro, sem contar as enormes filas porque além do aumento da demanda pelo pagamento de contas, há um prêmio acumulado e ninguém perde e esperança de ficar rico, com jogo, porque a outra alternativa, que é o crime (estelionato, corrupção, desvio de verbas, etc), é uma possibilidade restrita a poucos. Empoleirados em cargos e funções públicas.
No mais das vezes, estas greves têm cunho político-partidário. A prova de que se tratava de ação de caráter político, com relação aos empregados dos Correios, é que no julgamento no tribunal trabalhista, acabaram por conseguir menos do que o que lhes estava sendo oferecido pelo governo. Por outro lado, foi consagrada no judiciário a absurda postura de remunerar dias parados, como se fossem férias. Assim, dos quase trinta de braços cruzados, com enormes prejuízos para a sociedade, terão que repor apenas sete.
A greve dos bancários está se estendendo apenas porque o Banco do Brasil e a Caixa Econômica também pararam. Não fora isto e não haveria fôlego no movimento dos bancários da inicitiva privada. Este era exatamente o momento destes dois bancos públicos prestarem serviço efetivo à sociedade.
Não fossem oficiais e não tivesem reserva de mercado para algumas operações e serviços e CEF e BB já teriam quebrado, tal a ineficiência de suas administrações, e o baixo desempenho da maioria dos funcinários, que sendo concursados gozam do privilégio da estabiliadade no emprego.
Antes que me cobrem, devo dizer que conheci e conheço pessoas dignas que foram ou são funcionários do Banco do Brasil. Mas da instituição quero distância
ResponderExcluirPor acaso minha filha trabalha no BB com seriedade e minha esposa tem uma prima que trabalha na CEF e é muito respeitada por sua postura e conhecimento. Exceções? Não sei.
ResponderExcluirEu sei de uma coisa: que o que se apregoa como eficiência nos bancos privados é escravidão. Infelizmente a greve não vai à frente porque para cada empregado que for porventura mandado embora, tem uns 500 que se sujeitam a trabalhar até mais e por menos salário. É o Brasil de hoje...
Por mera questão de postura política, tenho conta só no BB para não dar um tostão para essa corja privada. Perco? Talvez, o BB é uma m... mesmo. Mas ao menos minha consciência dorme em paz com meus princípios.
Abraço
Carlos
Greves são um mal necessário e acontecem no mundo todo. Já sofri com greves no exterior, principalmente na Italia.
ResponderExcluirInfelizmente muitas vezes são realizadas com objetivos políticos.
No Brasil houve um período em que havia inlusive muita truculência, com barricadas e quebradeira. Lembro de casos de cárcere privado, de dirigentes, na GM (General Motors), em São José dos Campos.
Gusmão
Carlos,
ResponderExcluirVeja que fiz a ressalva imediatamente, porque sabia que seria cobrado. Tipo você esquece que Fulano e Beltrano foram funcionários dedicados e responsáveis? Muitos conhecidos trabalharam no Banco do Brasil.
Vou além, quando eu tinha 14, 15 anos, a grande ambição dos jovens de classe média, na vida civil, era prestar concurso para o Banco do Brasil. Ser funcionário dava status social e garantia de emprego, logo, futuro. A outra opção era fazer carreira militar e virar cadete numa das forças armadas. Grande sonho das famílias, portanto.
O melhor presente que ganhei em minha infância, foi uma caderneta de poupança (com esse nome mesmo) quando completei 10 anos de idade(1950), da Caixa Econômica. Tenho-a até hoje apenas como curiosidade eis que com as inúmeras trocas de moeda e seus consequentes cortes de zeros, a importância inicialmente depositada por meus padrinhos perdeu valor liberatório.
É um livreto rosado, com um fino cordonel, e o lançamento do valor (500 mil reis) foi feito a mão.
Não vou dissertar sobre greves porque daria um tratado.
Sei muito bem como são os bastidores. Sei, inclusive, de financiamentos de sindicatos estrangeiros (principalmente alemães), porque salários baixos no Brasil,implicavam em desemprego na Volks da Alemanha.
Tive acesso a muitos documentos e vivi, como gerente de recursos humanos, a época mencionada pelo Gusmão.
As greves, em geral, têm conotação política e os trabalhadores são massa de manobra. A expressão é antiga e rançosa, mas são "inocentes úteis".
Serviram e servem para os paulinhos da força e vicentinhos ascenderem politicamente.
Gusmão,
Você leu ou ouviu. Eu estava lá em São José dos Campos que ara um caldeirão tão efervescente quanto o ABC. Os obejtivos das greves eram as próprias greves. Eram fim em si mesmas.
Mais não digo e nem me foi perguntado.
Abraços
Carrano,
ResponderExcluirVocê não disse nenhuma mentira, pode ter sido muito veemente, radical, num ou noutro ponto.
Mas concordo com a essência de tudo que foi dito.
Abraço
Gusmão
É... Complicado mesmo. Sindicalismo e greves misturados com política de bastidores, ingerência na política governamental atendendo a interesses internacionais (dá-lhe Brizola, o falecido engenheiro), puxando o novelo vai vir é linha!
ResponderExcluirSão tantos os meandros que nem dá para evoluir a questão.
Abraço
Carlos
Mea Culpa ?
ResponderExcluirDe novo ...estamos chegando na parte mais baixa da senóide .... em todo e qualquer aspecto social. A deterioração da educação cresce em progressão geométrica.
O pior nisso tudo é a sensação de que muitas pessoas "de bem" começam a não se incomodar mais com certas aberrações. E o grito de indignação não sai mais. Tudo vira paisagem.
Ontem, por acaso, chegando em casa, me deparo com um automóvel estacionado sobre as 5 vagas reservadas para motocicletas, em frente ao meu prédio.
Pensei, pensei, peguei o celular(para foto e divulgação), pensei, pensei .... e continuo pensando ........
Eu não era assim ....
.... complementando meu comentário ....
ResponderExcluirIsso me lembra "célebre" frase de Hitler, em 1939, comentando a possibilidade da França e da Inglaterra declararem guerra à Alemanha, por conta do covarde bombardeio da Alemanha a Danzig :
- Vale a pena entrar em guerra por Danzig ?
E todos sabem o que aconteceu depois ....