O balneário lacustre de Puerto Varas é um lugarejo romântico situado às margens do segundo maior lago chileno, o Llanquihue. Ponto de passagem e de eventual hospedagem no famoso roteiro sul-americano Lagos Andinos, o qual percorremos até o momento em 3 oportunidades e que já foi objeto de post específico neste blog, recentemente, vem recebendo status de destino turístico independente, fruto do aumento de atenção pelo reconhecimento de seus encantos naturais.
Porque começo um post sobre Puerto Varas com Puerto Montt? Porque essa cidade portuária chilena é ponto de passagem obrigatória do referido roteiro. Normalmente quem chega à região por avião, navio ou vem por terra pela costa do Chile, para se dirigir a Puerto Varas passa antes por Puerto Montt, separadas uma da outra por apenas 20km. No entanto, cabe ressaltar que apesar de tão próximas e fundadas na mesma época pelo mesmo tipo de imigrantes, hoje são absolutamente diferentes.
O autor e sua esposa Mary no mirante em Puerto Montt |
Puerto Montt situa-se junto a uma baía (Enseada de Reloncaví) que é ponto de parada de transatlânticos que costeiam a América do Sul de Atlântico a Pacífico, contornando o Estreito de Magalhães. Tem uma população de mais de 230.000 habitantes, a maioria urbana. Possui um bom aeroporto e dá acesso a vários rotas internacionais terrestres. Também colonizada por alemães em meados do século XIX, sua vocação portuária desvirtuou um pouco a arquitetura e hábitos originais. Suas principais atividades econômicas são pesca, comércio e turismo. É o ponto de partida do Cruce de Lagos, que consta da travessia de 3 lagos até chegar a Bariloche com diversas atrações de natureza contemplativa no caminho, e também para regiões ao sul do Chile, como a ilha de Chiloé e Puerto Aisén.
Puerto Montt Gran Hotel Don Vicente (*) |
Na nossa primeira Lagos Andinos, em janeiro de 1996, o trajeto Santiago - Puerto Montt se fez de ônibus leito pela Ruta 5-CH ou Rodovia Pan-Americana, sem parada. Jantar, café e amenidades (ou nem tanto), tudo feito num ônibus em movimento. Nunca mais! Fizemos um city-tour, que incluiu comprinhas de artesanato numa interessante feira local, e passeamos na orla. Almoçamos num restaurante meio afastado do centro, onde comi um honesto salmão. O pernoite foi no então chamado Hotel Vicente Perez Rosales (hoje Gran Hotel Don Vicente), bastante confortável e bem localizado.
Dali partimos de manhã cedo para o Cruce de Lagos. Nossa primeira passagem por Puerto Varas se deu numa manhã de sol, mas meio enevoada. A vista do lago Llanquihue na rápida parada de cerca de uma hora se resumiu à imensidão, como se ao olhar para o horizonte se visse o mar, não um lago. Nada se discernia ao longe a não ser um branco ofuscante. Nem deu para perceber a beleza local...
Puerto Montt - pier |
Puerto Montt Shopping Center Paseo Costanera |
Na segunda Lagos Andinos, em final de agosto de 2002, o trajeto Santiago - Puerto Montt já foi de avião. Bem melhor! Melhor ainda que Puerto Montt serviu apenas como passagem. Claro que revisitamos a feira de artesanato e já havia um moderno shopping center na orla, onde almoçamos.
No meio da tarde seguimos para Puerto Varas, onde se deu o pernoite no excelente Hotel Collonos Del Sur, numa suíte de frente para o Lago Llanquihue (cujo nome de origem indígena significa Lugar Escondido). No entanto, tratava-se de uma parada para descanso no extenso roteiro até Bariloche, de modo que deu apenas para passearmos um pouco pelas redondezas a pé.
Puerto Varas - Hotel Collonos del Sur |
Em vez de jantar fizemos um reforçado lanche no Hotel, tomando um bom vinho e tocando um pouco de piano, para desenferrujar os dedos. À noite o programa foi visitar o Cassino, que é uma das atrações locais e fica logo ao lado do Collonos Del Sur. Nós não jogamos, apenas acompanhamos um casal que arriscou um pouco a sorte (que não veio).
Na manhã seguinte, no corre-corre da saída para continuar a excursão, nem curtimos a paisagem da orla. Se nos dissessem que havia dois vulcões em frente, teríamos nos espantado. Mais uma vez as condições meteorológicas nos prejudicaram.
E então fizemos a terceira Lagos Andinos em setembro de 2004. Conhecemos um guia que dizia que é válido realizar o mesmo roteiro várias vezes. São em geral hotéis em bairros diferentes das viagens anteriores, convivemos com novas pessoas, vamos a restaurantes diferentes, ficamos sujeitos a condições meteorológicas variadas, principalmente se vamos em épocas do ano distintas. Foi isso! O diferencial dessa terceira excursão Lagos Andinos foi o tempo!
Mais uma vez o trajeto Santiago - Puerto Montt foi feito de avião, mas chegando bem cedo (demais, até). A rápida passagem pela cidade portuária permitiu a habitual visita à feira de artesanato e fomos direto a Puerto Varas, onde nos hospedamos no Hotel Cabanas del Lago a tempo de pegar o almoço. Esse hotel tem um localização privilegiada em termos de visual, mas achei-o desconfortavelmente afastado do centro. Tipo perto demais para táxi e longe para ir a pé, principalmente à noite. Essa é uma opinião pessoal, dado que distância é um item de avaliação bem relativa, dependendo do turista. A aurora, no entanto, compensou os madrugadores, como eu.
Aurora na orla de Puerto Varas |
Puerto Varas - Hotel Cabañas del Lago e Vulcão Osorno |
Como dessa vez o tempo ajudou, a vista estava maravilhosa, com os vulcões claramente visíveis ao longe. O guia nos apresentou escolhas para os passeios opcionais: visitar a cidade germânica de Frutillar ou a estação de esqui na encosta do Vulcão Osorno. Optamos pela segunda. Por quê? Pela adrenalina! A consciência de estarmos na encosta de um vulcão traz um temor que excita!!
Osorno, Cratera La Burbuja |
O Vulcão Osorno é famoso pela sua semelhança com o Monte Fuji, cartão postal japonês da ilha de Honshu. Tem hoje 2.652m de altura e a história registra 11 erupções de 1575 a 1869, o que o classifica como vulcão geologicamente ativo, apesar de atualmente adormecido. Sua mais recente erupção se deu através de uma das encostas, gerando a cratera lateral chamada La Burbuja, onde fizemos fotos.
Vulcão Osorno: Estação de Esqui La Burbuja (*) |
A Estação de Esqui La Burbuja aproveita o fato do topo do Osorno ter neve em altitudes moderadas por uma boa parte do ano. Distante 59km de Puerto Varas, o trajeto de van é rápido, cerca de 50 minutos. É uma estação com oportunidades para vários níveis de prática de esqui, contando com escola para iniciantes e aluguel de roupas. Em seu prédio principal pode-se tomar um excelente chocolate quente observando a maravilhosa paisagem. Logo em frente, podemos admirar o Calbuco, o outro famoso vulcão da região.
O Vulcão Calbuco, com 2.003m, não é tão belo quanto o Osorno, em parte pelo fato de suas recentes erupções terem arrancado seu cume, criando uma enorme cratera irregular. De 1837 a 1972 o Calbuco teve 9 erupções registradas, muitas delas violentas como a de 1893-4 que ejetou bombas de 30cm a 8km de distância. A de 1929 gerou fluxo piroclástico e torrentes de lava nas encostas. Em 1961, colunas de cinzas com 12 a 15 km de altura foram provocadas pela sua erupção, e uma outra de menor monta, apenas 4 horas de duração, encerrou o atual ciclo em 1972. Para dizer que ele não está quieto, em 1996 ele ofereceu um espetáculo de emissão de fumaça sem no entanto poder ser classificado de erupção.
Puerto Varas - Llanquihue e Vulcão Calbuco |
Imaginem isso visto da orla de Puerto Varas, enquanto tomamos um delicioso vinho (!). Ou postado de pé sobre um chão de cinzas escuras nas encostas do Osorno, imaginando se ele não resolve acordar logo agora? Cavernoso, não? Faz parte da adrenalina local!
Este passeio fotográfico terá sequência no próximo post. As fotos cujas legendas estão com asterisco, foram pinçadas na rede mundial de computadores; as demais pertencem ao autor - Carlos Frederico.
Este passeio fotográfico terá sequência no próximo post. As fotos cujas legendas estão com asterisco, foram pinçadas na rede mundial de computadores; as demais pertencem ao autor - Carlos Frederico.
Carlos Frederico,
ResponderExcluirObrigado por me levar de volta a esta magnífica região, onde só estive uma vez.
Quem não teve ainda a oportunidade de fazer este passeio, encontrará neste post uma bela mostra da natureza em sua exuberância plena e, certamente, terá aguçado o desejo de fazer a viagem.
Abraço
No próximo post o passeio continua, ainda com roteiro e direção do Carlos March.
ResponderExcluirAcompanhem.
Legal! Complementa o post do dia 11 deste mês.
ResponderExcluirO que mais me encantou , quando lá estive, foram a mata e as quedas d'água, nos dois Parques, o do lado chileno e o do lado argentino.
O Carlos gosta mesmo da patagonia, não e´? Mas é de bom gosto.
Abraços
Gusmão
O vulcão Calbuco entrou em erupção novamente, trazendo pânico e insegurança à população chilena. É uma pena, mas também é uma adrenalina a mais quando se visita a região. Nunca se sabe o dia nem a hora, não é?
ResponderExcluirFoi publicada reportagem pelo Globo on-line hoje (22/04/2015):
http://oglobo.globo.com/mundo/chile-decreta-estado-de-emergencia-apos-erupcao-de-vulcao-15952473
Se eu soubesse que ele não era definitivamente extinto, podendo voltar a atividade, não teria feito aquele passeio pelos Lagos Andinos (rsrsrs).
ResponderExcluirA região é belíssima, de natureza esplendorosa, mas com este risco jamais recolocarei meu pés lá.
Aliás que, estando em Santiago, quando li atrás da porta do quarto de hotel as instruções para os casos de terremoto, quase desci e fui fazer check out.
Os vulcões da região são, em geral, adormecidos. Nenhum deles é considerado extinto. Como o Osorno está dormindo desde 1869, já fizeram até uma estação de esqui, com teleféricos indo quase até o cume.
ResponderExcluirJá o Calbuco é mais "nervoso", como estamos podendo testemunhar.
Mas assim que ele sossegar, fica tudo em paz por mais uns 50 anos...
<:O)