16 de agosto de 2011

Anthony Daniels


Nunca tinha ouvido falar a respeito; nem com o psedônimo de Theodore Dalrymple. O Daniel que conhecia de nome, nem é inglês e nem Tony. Chama-se Jack e é americano, destilador do uísque que leva seu nome - Jack Daniel’s.

Bem, existe também um ator com o mesmo nome de Anthony Daniels. Mas também não é deste que vou falar.

O Daniels a que me refiro concedeu uma entrevista publicada nas páginas amarelas de Veja. Deve ser lida na íntegra, transcrevo certos trechos porque dão embasamento científico (ele é médico psiquiatra) e números estatísticos confiáveis, a uma tese que defendo há anos: o sistema prisional não recupera ninguém que tenha índole criminosa, nem aqui, nem na Inglaterra e nem na Conchichina. E, pior, as progressões de regime, liberdade vigiada e condicionais são uma ameaça à sociedade.

Com a palavra Anthony Daniels ou Theodore Dalrymple: “A taxa de reincidência para bandidos condenados a prestar serviços comunitários é de 70%. Nada garante que, enquanto estão soltos, prestando serviços comunitários eles não cometam novos crimes. Em média cada detento na Inglaterra já foi condenado outras dez vezes a penas alternativas. Ou seja, não adiantou nada”.

Outra causa que dificulta o emprego de ações concretas e eficazes no combate a criminalidade, está no discurso, na pregação e nas teses de intelectualóides, sociólogos pervertidos, psicólogos com sérios problemas de desvio de conduta e religiosos fundamentalistas.

Mesmo estudos acadêmicos sérios, algumas pesquisas e teorias, deveriam ficar circunscritas ao meio, e não, tornadas acessíveis e divulgadas a leigos. O que pensa o psiquiatra Daniels, com vários anos de experiência dentro do sistema prisional:

“O pensamento intelectual dominante procura explicar o comportamento das pessoas como uma consequência de seu passado, de suas circunstâncias psicológicas e de suas condições econômicas. Infelizmente, essas teses são absorvidas pela população de todos os extratos sociais. Quando trabalhava como médico em prisões inglesas, com frequência ouvia detentos sem uma boa educação formal repetindo teorias sociológicas e psicológicas difundidas pelas universidades. Com isso, não apenas de sentiam menos culpados por seus atos criminosos, como de fato eram tratados dessa maneira. Trata-se de uma situação muito conveniente para os bandidos, pois permite manter a consciência tranquila. Podem dizer que roubam porque não tiveram oportunidades de estudo, porque nasceram na pobreza ou porque sofreram algum trauma de infância, entre outras desculpas".

Ao falar da alegada injustiça contra os pobres que seriam as maiores vítimas das penas de prisão, assim se expressou o doutor Anthony Daniels: “Um dos argumentos contra as penas de prisão é que a maioria dos detentos é pobre, e que isso é injusto. Ocorre que a maior parte de suas vítimas também é pobre. E, como o número de vitimas é sempre muito maior do que de bandidos, prende-los não é uma punição aos pobres, mas um benefício a eles". Permito-me acrescentar às penas de prisão mencionadas pelo psiquiatra, a de morte, com os mesmos argumentos.

E, de novo, menciona o papel nocivo dos intelectuais:

“Intelectuais são, em geral, pessoas muito desonestas. Eles não pensam em si mesmos como irresponsáveis, mas costumam atribuir esta característica a outras pessoas com grande facilidade. Ao criarem explicações sociológicas e psicológicas para desvios de comportamento, eles acabam por desumanizar os criminosos. Um exemplo disso ocorreu na Inglaterra, anos atrás, quando houve uma onda de furtos de carros. Os bandidos envolvidos nesses crimes, além de lucrar com isso, realmente gostavam da emoção de furtar muitos veículos em curto período de tempo. Alguns criminologistas psicólogos, ao analisar o fenômeno começaram a dizer que furtar carros era uma forma de vício. Sobre essa teoria produziam-se inúmeros estudos, alguns dos quis incluíam até exames de ressonância magnética do cérebro dos bandidos, para provar que se tratava de uma doença neurológica. Em pouco tempo, os ladrões de carro começaram a me dizer na cadeia que eram viciados em furtar veículo. Eles obviamente não chegaram a esta conclusão sozinhos. Apenas estavam repetindo uma tese produzida por arrogantes intelectuais de classe média que desconsideram o fato dos bandidos serem capazes de escolher entre o certo e o errado independentemente de fatores externos. Negar sua capacidade de discernimento é o mesmo que diminuir sua humanidade".

O que mais admirei na entrevista publicada na revista semanal supramencionada, foi  a comparação de Anders Breivik o terrorista insano norueguês, com Cesare Battisti, assassino italiano abrigado no Brasil. Para ele são farinha do mesmo saco. Não têm freio psicológico ou moral e se consideram no direito de dispor da vida de inocentes, em nome de revoltas pessoais.

E, por último, a coragem do doutor Daniels em condenar Jean-Jacques Rousseau, por ter difundido a idéia de que o ser humano é naturalmenete bom, e que a sociedade o corrompe. Ele - Daniels - prefere a visão cristã de que o homem nasce com o pecado original . Acha uma visão mais realista.

Foto: Google imagens

3 comentários:

  1. Carlos Frederico16/08/2011, 08:20

    Eu sempre tive a convicção de que o ser humano nasce com o que o Cristianismo definiu como Pecado Original.

    Livrar-se dele com batismo, com normas de conduta, ou o que seja, já são outros quinhentos...

    Abraço
    Carlos

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  2. Também li esta entrevista. E também concordo com muito do que ele diz.
    Abraço
    Gusmão

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  3. Caros Carlos Frederico e Gusmão,
    Não conheço experiências bem sucedidas de outros paises, ou mesmo de civilizações antigas, em relação ao sistema prisional.
    Que o nosso é falho, ineficaz sobre todos os aspectos (como exemplo inibidor, como recuperação para o convívio social, como sanção) e muito tolerante, penso que não há dúvidas.
    Só alguns poucos "intelectuais" ainda acareditam que o indivíduo de índole ruim é recuperável. E se fosse, ad argumentandum, seus iguais não permitiriam e cobrariam um preço.
    Conheci, bem de perto, um caso.
    Abraços e obrigado a ambos pela participação.

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