Não sou eu que afirmo, constam do cancioneiro popular português, alguns versinhos que nos dão conta de que João Baptista arrastava as asas para as moçoilas. Segundo os registros do Cancioneiro Português, dos três santos: Santo António, S. João e S. Pedro, cujas datas comemorativas ocorrem neste mês de junho, São João é o santo menos confiável, por causa da fama de sedutor. Os versos a seguir estão publicados na revista Ponto de Encontro, de julho de 2001 (Porto - PT).
"São João fora bom santo
se não fora tão gaiato
levava as moças para a fonte
iam três e vinham quatro."
E ainda estes outros:
"Até os mouros na Mourama
festejam o São João
Quando os mouros o festejam
que fará quem é cristão."
São João era primo de Jesus e ganhou o nome de "baptista" porque “baptizava” as pessoas no rio Jordão, derramando-lhes água sobre as cabeças. Grande crítico da política romana era adorado pelo povo e odiado pelo Rei Herodes, que o mandou decapitar, a pedido da sua enteada, Salomé. O dia 24 de Junho foi consagrado a S. João pois acredita-se que ele nasceu nesta data.
A comemoração do seu nascimento é das mais ricas do calendário litúrgico, sendo um dos santos mais festejados no Brasil, principalmente no Nordeste, onde se dá o nome de “festas juninas” à celebração deste e de mais dois santos, quais sejam, Santo Antonio e São Pedro. A dedicação popular a São João, entretanto, segundo consta, nem sempre foi do agrado da Igreja, visto ser demasiado alegre para um santo que viveu tão afastado das coisas do mundo.
As festas em louvor de São João são de inspiração bastante pagã. Com efeito, estas festas lembram as solisticiais romanas, sobretudo se compararmos as danças em redor das fogueiras, com queima de ervas aromáticas.
F.C. do Porto |
Lembro das festas que assisti, na cidade do Porto, no ano de 2004, quando foi comemorado, além do nascimento do santo padroeiro da cidade, no dia 24 de junho, a conquista, pelo F.C do Porto, do título de campeão da Liga dos Campeões da Europa, a mais importante do calendário europeu.
Numa homenagem aos portugueses, em especial aos tripeiros que, vez por outra, acessam este blog comento um pouco a respeito destas comemorações na Invicta.
Manjerico |
As ruas mais centrais, na noite de 24 de junho e até ao nascer do sol do dia seguinte, ficam tomadas pelo povo, e aparecem à venda as ervas santas e plantas aromáticas com evidente predominância do manjerico, a planta símbolo por excelência desta festa; e também o alho-porro, os cravos e a erva-cidreira.
Comemoração no Porto |
Fotos: Google imagens
Carrano, amigo
ResponderExcluirO João Batista não foi o único homem a perder a cabeça por uma mulher, no caso a Salomé.
Bom domingo
Gusmão
Minha modesta contribuição a esta série de posts sobre festas juninas se dará com a origem dos balões lanternados. De longa data as velas acesas são oferendas usuais a santos, nas igrejas e oratórios se testemunha o fato.
ResponderExcluirAcender uma vela e elevá-la ás alturas era a maneira mais efetiva de exercer essa devoção.
Os balões teriam nascido como "carregadores" destas oferendas em forma de velas envoltas num receptáculo protetor, as lanterninhas, que eram neles penduradas. Com o tempo, a prática evoluiu e passaram a juntá-las em formato de cruz (símbolo cristão), depois envolveram os próprios balões com carreiras delas e daí para a frente perdeu-se o significado e a arte pagã predominou. E finalmente, o perigo que eles representavam venceu e os balões foram banidos.