Anos quarenta e início dos 50. Em Niterói, então capital de estado, além das matinês do cine Odeon, podíamos assistir à fenomenal dupla de comediantes, conhecidos como ”O gordo e o Magro”, no cinema de rua.
Isto mesmo que você leu. Havia cinema de rua.
Era assim: patrocinado pelo comércio da cidade, o exibidor levava em sua perua (camionete), um projetor, rolos de filmes (geralmente comédias) e uma tela de pano.
Percorria os diferentes bairros da cidade e, em ruas onde fosse possível, sem causar transtornos no trânsito, fazia a exibição dos filmes que eram intercalados por comerciais dos patrocinadores.
Até hoje lembro do anúncio, com jingle, do Cicle São Bento, que vendia e alugava bicicletas.
Era assim, se me não falha a desgastada memória:
“Pedalando, pedalando
pedalando contra o vento,
com a sua bicicleta,
compre no cicle São Bento”
Era isso ou quase isso.
No bairro onde eu morava – Ponta D’Areia – pelo menos uma vez ao mês, tínhamos diversão garantida, à noite, pertinho de casa e de graça.
Acontecia na Rua São Diogo, ou num trecho da Visconde de Uruguai, entre Silva Jardim e Feliciano Sodré.
A tela era colocada num cavalete, que por sua vez ficava sobre o capô do veículo.O projetor era colocado a uma distância de aproximadamente vinte metros, e no espaço entre projetor e tela ficávamos, os espectadores, de pé, acompanhando as aventuras dos personagens apalermados, um magro, vivido por Stan Laurel, mais idiota, e outro gordo, interpretado por Oliver Hardy, que se imaginava mais esperto do que o seu parceiro magro, mas também um tolo.
Evidentemente que algumas pessoas levavam banquinhos ou cadeiras, para maior conforto. Principalmente os moradores na quadra da rua onde havia a projeção.Como a tela ficava no alto do veículo, ninguém atrapalhava a visão dos outros.
Riamos muito.
Eram exibidos desenhos animados e pequenos documentários relacionados a cuidados com higiene e saúde.
Durava cerca de duas horas e depois era escovar os dentes e dormir, lembrando das aventuras dos personagens interpretados por Laurel and Hardy e, ainda, das palhaçadas vividas pelos Irmãos Marx, que também protagonizavam situações bizarras e esdrúxulas, sob o comando de Groucho , o mais celebrado dos irmãos.
Os pipoqueiros faziam boa féria. E os vendedores da Kibon, com suas carrocinhas amarelas, vendiam bastante Chicabon
As ruas eram seguras e a cidade risonha e franca, com a devida permissão de Acácio Antunes, a quem parafraseio, pinçando de seu celebre “O estudante alsaciano”.
Muito legal !
ResponderExcluirOra vejam só, depois de mais de dois anos alguém faz um comentário no post.(rsrsrs)
ResponderExcluirMeu caro Riva, com seu gesto saí do desconfortável pneu a que seu irmão alude quando não é feito um comentário sequer na postagem. (rsrsrs)
Praticamente três anos, que serão completados no próximo mês.
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