Ricardo é meu filho mais novo e ainda não frequentou minhas postagens; ao contrário do mais velho, meu homônimo, de quem já falei inúmeras vezes e de quem publiquei prosa e verso aqui neste blog.
Ricardo não chega a ser um low profile, mas precisa ser fustigado para dar mostras de sua inteligência privilegiada e excelente cultura geral. O Jorge, exatamente como o pai, atento observador acompanha o crescimento da floresta como um todo; o Ricardo pesquisa cada árvore de per si, desde a raiz até a copa.
Tenho enorme orgulho dos dois.
Tenho enorme orgulho dos dois.
Formado em engenharia de telecomunicações, Ricardo é professor universitário e tem trabalhos, individuais e em parceria, publicados em revistas especializadas, em português e inglês.
Como sei que tem muito a dizer mas sempre alegou não ter tempo para escrever um post, resolvi entrevista-lo tendo a paciência necessária para aguardar as respostas.
Pergunta: Você teve oportunidade de vivenciar um pouco os ambientes universitários e acadêmicos de Boston e New Jersey. Quais as suas impressões?
Resposta: Boston é uma das minha cidades favoritas. Por um lado é muito importante para a história dos Estados Unidos, por outro, tornou-se bastante internacional, por conta dos estudantes do mundo todo, que frequentam suas excelentes universidades. Harvard e o MIT* são duas referências, mas existem várias outras instituições de qualidade por lá. Em relação a New Jersey, conheço razoavelmente apenas Princeton, onde vivi durante três meses. É uma bela cidadezinha, que gira em torno da educação e da ciência, sem outros atrativos.
As universidades americanas de primeira linha são muito ricas, lastreadas em fundos de doação bilionários. São bem equipadas, com campi belos e agradáveis. Tudo favorece o estudo. Por isso atraem bons alunos e professores do mundo todo. Mas o ponto chave talvez seja o grande respeito da sociedade americana por sua academia. Talvez seja essa a lição para nós, brasileiros. O estudo tem que ser levado a sério.
Pergunta: É fato que existe uma fogueira de vaidades e jogo de poder entre os acadêmicos?
Resposta: Claro. Como em todas as áreas onde existe gente, existe vaidade e também jogo político.
Pergunta: Das personalidades reconhecidamente brilhantes em suas áreas de atuação, qual foi ou foram, as que deixaram melhor impressão no contato pessoal?
Resposta: Não sei dizer. No geral, os grandes nomes são pessoas acessíveis. Os mais novos é que costumam ter egos muito inflados e causar impressões desagradáveis. Coisa de jovem. Mas aqui no Brasil, convivo com pessoas tão brilhantes como as que encontrei no MIT ou em Princeton.
Resposta: Não sei dizer. No geral, os grandes nomes são pessoas acessíveis. Os mais novos é que costumam ter egos muito inflados e causar impressões desagradáveis. Coisa de jovem. Mas aqui no Brasil, convivo com pessoas tão brilhantes como as que encontrei no MIT ou em Princeton.
Pergunta: Harvard é a melhor referência mundial no campo da web, no desenvolvimento de programas ou ferramentas?
Resposta: Penso que não. É verdade que muitas das inovações da web são criações de egressos das grandes universidades americanas, mas não necessariamente de Harvard.
Pergunta: Fora dos USA, em que outro país tem aparecido mentes brilhantes neste campo?
Resposta: Já há alguns anos os orientais estão em alta em termos de produção acadêmica. Primeiro os japoneses e coreanos, agora os indianos e os chineses. O Brasil está melhorando, mas no geral todos estão, e nossa participação na produção acadêmica mundial ainda é mínima. Precisamos levar o ensino mais a sério. Não basta quantidade de diplomados, precisamos de qualidade também.
Apesar da ascenção dos estudantes de outros países, a sociedade mais inovadora ainda é a americana. A inovação surge de uma conjuntura complexa. Não basta ter bons alunos, é preciso capital de risco, incentivo a inovação e parceria da universidade com a iniciativa privada. Também estamos melhorando nesse campo, mas são precisos ajustes na nossa mentalidade.
Pergunta: A IBM perdeu hegemonia no mercado de fabricação de hardware?
Resposta: Os grandes fabricantes de hardware foram reduzidos a integradores que colocam suas etiquetas em produtos fabricados na China. Poucos estão preocupados com aspectos de qualidade como, por exemplo, a durabilidade. É a cultura dos descartáveis.
Pergunta: Como professor universitário, que avaliação sobre o ensino superior, no Brasil, você poderia fazer? Podemos ter esperanças de que iremos atingir o nível de excelência das maiores universidades do mundo?
Resposta: Já falei um pouco disso. Em resumo, precisamos de uma mudança de mentalidade. Talvez de uma grande "estratégia de marketing" para que o brasileiro perceba que seus estudantes, professores, cientistas e pesquisadores são tão importantes quanto os jogadores de futebol e os pagodeiros.
Pergunta: Passando para amenidades, fale de seu gosto musical, literário, cinematográfico, esportivo e coisas que tais.
Resposta: Hmm! Assunto extenso e desinteressante. Dizer que meu gosto é eclético é cair no clichê. Listar os favoritos é um exercício de memória cansativo e com resultados injustos. Então, vamos ao que estou consumindo agora:
Ouvindo: Radiohead, Rachmaninoff e Puccini.Lendo: Bernard Cornwell, Robert Harris e José Saramago.
Assistindo: Woody Allen e Christopher Nolan
Esportes: Nenhum, atualmente. Curling feminino, eu talvez parasse para assistir.
Pergunta final: Qual é a sua religião, crença ou filosofia seguida?
Resposta: "A metafísica é uma consequência de estar mal disposto".
Resposta: "A metafísica é uma consequência de estar mal disposto".
Nota do editor: MIT é a sigla em inglês do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma das mais prestigiadas instituições de ensino no mundo.
Conforme noticiado na imprensa, nenhuma universidade brasileira figura na lista das 100 melhores do mundo, segundo a Times Higher Education.
ResponderExcluirWhat a shame!!!
Vale atualizar o perfil do entrevistado, informando que desde o início do corrente ano de 2013, foi-lhe outorgado o título de doutor, conforme abordado no post http://jorgecarrano.blogspot.com.br/search?q=proudly
ResponderExcluirO trabalho, tese, apresentado, para obtenção do grau de doutor, está na internet, e tem o titulo de
ResponderExcluir“Schedule-based asynchronous duty cycling with Nested Block Designs”.