10 de janeiro de 2011

Grandes interpretes de jazz

Dentre os poucos blogs que acompanho, está o do Jornal Primeira Fonte (http://primeirafonte.blogspot.com/), não só por ser de amigas (a maioria virtuais), mas também porque é plural.


Além de serem várias as editoras ou geradoras de conteúdo, ele é rico também pela diversidade de temas, todos colocados em alto nível. As resenhas literárias, as analises e observações filosóficas e históricas são sempre acuradas e bem desenvolvidas. E não se pode desprezar a parte gourmet, de culinária, também presente no Jornal, de forma simples  e espirituosa.; diria diferente do usual.
Num dos últimos posts, a personagem focada era Alberta Hunter. Como gosto da cantora e conheço um pouco de sua obra, resolvi dar um pitaco.

A Autora do texto, muito gentilmente pediu que eu falasse de minhas preferências no mundo do jazz.

Ora, meu comentário acabaria por ocupar espaço maior do que o do texto principal publicado. Seria quase uma entrada.

Assim sendo, publico aqui, a guisa de resposta para a jornalista Ana Laura, mas sem responder objetivamente como se verá, a minha opinião a respeito do tema intérpretes do jazz.

Ana Laura,

O universo do jazz é muito vasto. São, como você sabe, várias correntes e estilos. O gênero não morreu, está muito vivo e continua se expandindo. E surgem bons músicos; e são compostos belos temas novos. Existem bons jazzistas dispersos por saí, inclusive no Brasil. Pelo mundo à fora, artistas de rua, em grupo ou solo, dão verdadeiros espetáculos. Incrível como o jazz está em toda parte, latente, vivo.

Fazendo uma analogia com o mundo dos vinhos, que hoje oferece uma variedade de rótulos tão grande que fica impossível, mesmo para os degustadores mais experientes, distinguir procedência. Quando muito se reconhece a casta, se o vinho não é resultado de corte (blended). A cabernet sauvignon, por exemplo se adaptou tão bem em vários países, que é difícil para amadores, como eu, saber se o vinho é chileno, neo-zelandês, sul-africano ou francês.

Voltando ao jazz,  ficou impossível acompanhar tudo. O que tenho feito desde há algum tempo, é segmentar, me situar (não especializar) no formato da seção rítmica: piano, baixo e bateria. Tenho um razoável acervo de bons pianistas, em trio, que garimpei aqui e ali por caminhos que fui criando.

Estou falando de gente da estirpe do Art Tatum, Earl Hines, Thelonious Monk, Errol Garner, Teddy Wilson, Bud Powell, Dave Brubeck, Oscar Peterson, McCoy Tyner, Keith Jarret, Bill Evans, Paul Smith, Sonny Clark, Ahmad Jamal, e outros mais ou menos conhecidos.

Entre os desconhecidos ou menos conhecidos, por exemplo, cito Cedar Walton e Wynton Kelly.

E tem as curiosidades. O Ben Webster se consagrou no sax tenor, mas foi um bom pianista, como se pode comprovar em alguns registros que deixou.

Um dos caminhos que adotei para garimpar, foi verificar os créditos quanto aos músicos acompanhantes de grandes interpretes, como Ella Ftzgerald, por exemplo. Foi assim que “descobri” Hank Jones e Tommy Flanagan, pianistas da grande interprete por muitos anos. Um após o outro, e durante um bom tempo, foram os pianistas da Ella. E construiram carreira liderando trios.

Nat King Cole criou fama cantando até mesmo em espanhol. Mas no início da carreira ele foi pianista de jazz (e dos bons).

O mesmo ocorreu com Ray Charles. Ele foi um excelente pianista tendo gravado apenas solos, sem vocalizar. Uma das mais belas gravações de “The Man I Love”, sem vocal, apenas com piano, é do Ray Charles na minha modesta opinião. De chorar.

Billy Kyle nunca fez grande sucesso e não entraria numa lista dos top ten ou mesmo twenty. Entretanto foi fiel pianista de ninguém menos do que Louis Armstrong.

O McCoy Tyner, por exemplo, “descobri”, antes dele fazer sucesso com seu trio, inclusive no Brasil, onde se apresentou num dos festivais de jazz há alguns anos, ouvindo o fantástico John Coltrane (sax tenor), num álbum chamado “Ballads”.

Bem, Ana Laura, minha expectativa e torcida é para que você continue publicando posts sobre jazz e, sempre que tenha alguma coisa para somar, estarei dando meus palpites. Isto é uma ameaça.

Encerro, por hoje, com o seguinte comentário. Não tenho prediletos, sou vidrado em algumas interpretações. Mesmo assim, a dúvida assalta.

Quando pensei que a gravação de “Rainy Night In Georgia’ pelo Ray Charles fosse imbatível, eis que um belo dia encontro num LP antigo, de blues, uma gravação desta bela canção na voz de Brook Benton. A dúvida permanece até hoje. Quem canta melhor esta música, Ray ou Brook ? Você quer arriscar me responder?

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