14 de junho de 2010

João Gilberto

Como diria o João Ubaldo, muita gente vai encarar esta afirmação que se seguirá, como “sacrílega”. Paciência. Mas o fato é que o João Gilberto nunca me disse de perto. Nunca me encantou.

Todavia, na Revista Veja Rio, nº 23 deste ano, foi publicada uma entrevista dele, na qual ele informa: “Sou órfão de país. Quero um país só para mim”.

Esta posição ele assumiu num contexto político, aludindo à corrupção nos meios políticos.

Eu gostei da imagem de “órfão de país”, por razões muito mais abrangentes.

Com efeito, no meu país ideal, nada a ver com Parsárgada, pois não quero ser amigo do rei, não haveria, por exemplo, motocicleta. E nem mochila.

O meu país ideal teria a paisagem da área rural da Toscana, na primavera/verão europeu. Ou a do vale do Loire. Como diria aquela emergente* - “vale do luar” - imaginando que o que da nome a região é a luz irradiada nas noites de lua cheia, ignorando que estamos falando do rio Loire.

Ainda no terreno das paisagens, o trecho que vai de Londres até Windsor, passando pelo Palácio de Blenheim, em Woodstock, no Oxfordshire, residência dos duques de Marlborough, onde nasceu Winston Churchill, é de uma beleza extraordinária.

A natureza foi pródiga também com a região dos lagos andinos (Chile/Argentina) e com a costa amalfitana, na Itália.

Mas a paisagem de meu país ideal poderia ser a da região de Angra dos Reis/Paraty, porque não?

Mas o povo, por certo, não seria o brasileiro. Nós fracassamos, não conseguindo fazer desta vasta extensão de terra, abençoada por Deus, um país decente, civilizado. Somos acomodados. Resolvemos as coisas na base do jeitinho. Somos tolerantes em demasia. Não, com efeito eu prefiro o rigor da lei, que deve ser respeitada sem tolerância. Sou favorável à obediência aos protocolos e normas de convívio social. Sou apologista do respeito aos mais idosos, que têm os orientais, por exemplo.

Gostaria que tivéssemos uma Justiça célere e imparcial. A nossa não é nem uma coisa nem outra. Queria governantes que, se tentados, viessem a cometer fraudes ou corrupção, fizessem harakiri.

Sou favorável à pena de morte.

Como se pode ver, meu país seria um hibrido, com adoção de coisas boas de vários outros países.

Nunca fui e jamais serei nacionalista chiita.

Apóio o xenofobismo reinante em alguns países europeus. Também acho, como Thomas Jefferson, que o cavalo já foi um erro. O turismo predatório é um horror. E turistas mal educados são nocivos e indesejáveis mesmo.

No meu país ideal, as mulheres seriam as brasileiras mesmo, muito embora as italianas não façam feio.

*Aos emergentes podemos atribuir outras coisas do mesmo jaez, tais como achar que petit gateau (a sobremesa) é pequeno gatinho ou que Paris é chamada de cidade luz por causa de sua iluminação noturna, ignorando por completo o iluminismo.

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