3 de dezembro de 2009

Vasco da Gama

Por que torcedor do Vasco da Gama? Entre 1945 e 1952, quando minha idade variou entre 5 e 12 anos, era impossível não admirar o time do Vasco. Neste período o clube tinha um elenco de primeira grandeza e era o grande vencedor de campeonatos e torneios nacionais e internacionais. Em 1949, com elenco numeroso e altamente qualificado, teve criado pela crônica esportiva o epíteto “expresso da vitória” para sua equipe principal e “expressinho” para os aspirantes, como eram então chamados os reservas da equipe. O expressinho era superior a muitas equipes principais de outros clubes.

A seleção brasileira que disputou a Copa da Mundo de 1950, realizada aqui no Brasil, era composta, basicamente, por jogadores do Vasco da Gama. Mais da metade do time. Além do técnico, que era o Flávio Costa. Eram titulares Barbosa, Augusto, Danilo, Ademir e Chico. E tinha o Friaça

Ademir, conhecido como queixada, era o grande artilheiro carioca e nacional. Foi também o artilheiro da malsinada copa de 50. Ele foi sem dúvida um dos responsáveis pela minha opção clubística. Como não admirar sua vocação para fazer goals, com suas arrancadas fantásticas em direção à meta adversária. Estas arrancadas eram, na época, chamadas de rush. Colonianismo é isso aí.

Com efeito meu primeiro vocabulário da lingua inglesa, foi adquirido através da narração dos jogos de futebol, alias, foot ball, e dos comentários de rádio e jornais. As expressões inglesas eram entendidas por todos os torcedores, até mesmo pelos flamenguistas (rs). Assim, falava-se e grafava-se: foul, corner, half back, center half, center forward, goal keeper, stoper, offside e free kick.

Naquela época, o Rio de Janeiro era o Distrito Federal, capital da república, e o campeonato carioca era o mais importante do país. O que era transmitido em rede nacional, pelas emissoras de rádio.

Um amiguinho esporádico, bissexto, que morava em Minas Gerais e passava parte das férias escolares em Niterói, na casa de uma tia que era nossa vizinha, era torcedor do Vasco. Não lembro o nome dele, mas o apelido, de família, era Tãozinho. Seria Sebastião? O fato é que o Tãozinho, que era da minha idade (tínhamos então entre seis e nove anos) também era vascaíno. Achava legal um mineiro (morador no estado) torcer pelo Vasco.

Esta minha opção pelo Vasco contrariou uma regra, até hoje em vigor, com poucas exceções, de que os pais influem na decisão dos filhos na hora de escolher o time para torcer.

Meu pai era flamenguista. Ninguém é perfeito.

Mas meu neto, na esteira do pai, é vascaino, o que confirma a regra.

2 comentários:

  1. Sou vascaíno desde que ganhei um jogo de futebol totó (pebolim) Vasco x Fluminense. Fiquei com a parte do Vasco, Paulo (Riva do blog) ficou com Fluminense. Ele acha que foram cartas marcadas, mas parece-me que não se arrependeu.

    Para sedimentar a escolha, o Vasco foi campeão em 1958 (o tal do super-super-campeonato). Foi um quilo certo, porque depois só foi acertar o pé em 1968, quando foi derrotado fragorosamente na final pelo Botafogo (mas fez um belo campeonato) e enfim se sagrou campeão em 1970.

    Foram 12 anos a seco, que transcorreram durante minha adolescência e início da juventude. O subproduto disso é que aprendi a não morrer por futebol. Claro, já estaria morto a essa altura!

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  2. Caro Freddy,
    São passados seis anos desde a publicação deste post. Já foram duas quedas para a segunda divisão e estamos a caminho quase irreversível para a terceira, em sete anos.
    Em compensação foram muitas as conquistas e glórias ao longo dos anos.
    O Vasco foi o primeiro a integrar negros, construiu o maior estádio particular da América Latina, palco de grandes cerimônias públicas a privadas.
    Títulos nacionais e internacionais sem conta. Foi o primeiro campeão sul-americano, invicto, competindo contra os campeões de Argentina, Uruguai, Chile ...
    E foi base de seleções nacionais.
    Assisti grandes partidas.
    E é o time dos reis: Pelé, Roberto Carlos. Das mulheres bonitas. Dos homens bem-sucedidos. Do pessoal do samba (é engano pensar que o pessoal do samba é torcedor do urubu): Martinho da Vila, Paulinho da Viola, e dezenas de outros.
    Futebol é paixão. A minha pode ter diminuído, mas não se apagou.

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