30 de novembro de 2012

NATAL - Lembranças


Por
Paulo March
(Riva)





Minhas lembranças mais fortes são sobre meu pai indo comprar um pinheiro de verdade no Horto. Ele fazia isso todos os anos. Vinha aterrado dentro de uma lata grande metálica (de algum produto que não me recordo). Era sempre posicionado no mesmo canto das nossa sala, em nossa casa no Pé Pequeno (Niterói).

E aí éramos todos convocados para ajudar a enfeitá-lo, com algodão imitando a neve. Existia uma técnica para fazer com que o algodão se transformasse em finíssimas camadas, para melhor aproveitamento. Com o tempo fui dominando tal técnica rsrs. Tínhamos caixas e mais caixas de bolas de diversos tamanhos, e aprendemos logo a como fixá-las nos galhos do pinheiro. 

Mas a recordação mais forte que tenho da montagem da árvore de Natal  foi quando nosso pai comprou umas fileiras com umas lâmpadas imitando velas bem fininhas e coloridas, mas que eram cheias de água. Nosso pai montava essas fileiras pelos diversos galhos da árvore, e quando energizadas, essa água fervia e dava uma vida à árvore que jamais esquecerei. Isso na década de 50 ( 58-59).

O momento mais solene e que determinava o final da montagem da árvore de Natal era a colocação da estrela na ponta mais alta do pinheiro, que nosso pai colocava subindo numa escada.

Como sempre, os presentes eram colocados na base da árvore, para serem abertos no dia seguinte pela manhã - dia 25.

Não me recordo de convidados, a não ser uma tia ou tio uma vez ou outra. Éramos sempre meu pai, minha mãe, meus avós maternos que moravam conosco (ambos portugueses), e meu irmão Carlos. Ah sim, e nossos cães - King e Boy.

Não sei porque mas também não me recordo das ceias, a não ser das castanhas que minha avó (que morava conosco) cozinhava na época. Talvez esse "bloqueio" seja em função de que tenho certeza que não comia nada daquilo que se costuma colocar numa mesa para uma ceia de Natal ! rsrsrs. Aqui peço ao meu irmão Freddy, frequentador desse blog, para me refrescar a memória sobre esse fato .... o que se comia nas ceias de Natal lá da nossa casa, em nossa infância ?

Algumas coisas ficaram marcadas a fogo na memória, sobre as noites de Natal, e cito pelo menos algumas delas. Coisas bobas, para vocês, mas com real significado, claro, para mim. Lembro como se fosse hoje :

- meu primeiro relógio .... ganhei como presente de Natal, mas não me recordo de que ano. Fiquei em êxtase com o presente.

- uma vez ganhei o jogo Banco Imobiliário - uma grande novidade na época, e até hoje um dos jogos tradicionais mais vendidos no planeta Terra. Abri a caixa, e comecei a ler as instruções do jogo (escritas dentro da tampa da caixa), louco para jogar naquela hora mesmo, com meu irmão e meu pai. Não entendi nada das regras, o que era hipoteca ???, aluguel, etc ... entrei em desespero e lembro que chorei muito de frustração por não conseguir entender o jogo, o que só aconteceu dias mais tarde, com meu pai ensinando, com calma, do jeitão dele - um cara especial.

- lembro que em um dos natais, meu pai tinha mandado reformar as almofadas das cadeiras de ferro da nossa varanda. Não sei porque, minha mãe queria que essas almofadas novas estivessem na varanda na noite de Natal (acho que íamos ter algum ou alguns convidados). E as almofadas não foram entregues. Meu pai saiu de carro (um Ford 41) e me levou com ele, para pegar as tais almofadas no centro de Niterói, já fim da tarde do dia 24. Besteira, mas isso me marcou porque meu pai estava realmente agoniado pra ter as almofadas na varanda ! E conseguiu !! rsrsrs

- as músicas tradicionais de Natal, que meus pais colocavam na vitrola, com discos de 78 rotações. Aquilo tocava sem parar a noite toda !!! rsrsrs ... aqui uma observação : quando falo em vitrola, só me recordo da fantástica Telefunken que compramos. Carlos, o que tínhamos em casa antes dessa Telefunken, na infância mesmo ?

Não sei quando deixei de acreditar em Papai Noel. Nada tenho para falar sobre isso. Papai Noel deixou minhas fantasias com certeza de maneira tenra, suave, sem traumas. As renas também ...

Mas ficaram as cantigas, que tenho certeza, estarão tocando daqui a 1.000 anos com a mesma intensidade e alegria.

FELIZ NATAL antecipado pra vcs todos !!!! (4 exclamações, em comemoração ao TETRA)

29 de novembro de 2012

Balancete de 2012


Ano vai terminando e continuo com algumas convicções.

O ministro Lewandowski desonrou a toga e amesquinhou o Supremo Tribunal Federal, deixando à margem o Direito e a Justiça e decidindo consoante seus compromissos pessoais. Vergonha!

Hoje toma posse o novo ministro, que na teoria, por aproximação, é bem qualificado para a função judicante: Teori Zavascki. Com perdão do fácil e infame trocadilho. Serão 10, portanto. Ainda falta 1.

Alguns mochileiros se comportam de tal sorte, que mais parecem burros levando às costas suas cangalhas. Falta-lhes bom senso e educação para tira-las nos transportes coletivos, como ônibus e elevadores. Jumentos, sem ofensa aos quadrúpedes.

Sair da lanchonete comendo é de extremo mau gosto, mas entrar nos coletivos (ônibus e elevadores) ainda comendo seus sanduíches e tomando seus refrescos ou sorvetes é falta de educação e respeito para com o próximo. Já vi derramamento de sucos no colo de outro passageiro e bola de sorvete cair no chão do elevador melando tudo.

Lugar de comer é à mesa. Ganhar  cinco minutos comendo pela rua e no veículo coletivo é  inadequado e anti-higiênico. Pior é deixar os restos (copinhos plásticos, garrafas de PVC, e papeis nos assentos ou detrás das cortinas das janelas dos ônubus. No outro dia quase sentei num banco todo molhado de mate. O copinho deixado ainda tinha líquido. Educação zero!

O ano acaba e continuo achando o presidente do Vasco um pateta. Mas onde encontrar um nome ligado ao clube, honesto e bom administrador, que aceite enfrentar uma situação tão difícil, com o clube sem dinheiro, sem time decente para disputar as competições e pressionado por um sem número de processos judiciais?

O post anterior, da lavra do Freddy, igualmente vascaíno, pode-nos induzir a falsa conclusão de que o retorno do Eurico Miranda, seria uma solução.

Ah! Não esqueci do Alecsandro,  não. Quem sabe ele encontraria uma vaga na equipe paraolímpica do Brasil? Estou seguro de que não haveria impugnação dos adversários, porque ele é "perna-de-pau", pelo menos no sentido figurado, e, não,  usuário de prótese.

Dificilmenete aparecerão na TV outras campanhas mais criativas do que as dos postos Ipiranga e das sandálias Havainas. Na minha opinião as mais bem boladas do ano. As últimas, que lembro agora, são:
Ipiranga: o cachorro do ator conhecido que só quer brincar (e estragar) as sandálias Havainas. Não aceite imitações. Bem original.
Havainas: ambientado num hospício, o comercial mostra um psiquiatra conversando com dois internos; um se acha Napoleão,  o outro Nero. Excelente sacada.

A seleção, agora sem o Mano Menezes,  continua indefinida.  Na minha opinião três nomes parecem ser definitivos: Thiago Silva, Paulinho e Neymar. O resto dá discussão, com qualquer técnico.

Parece que teremos Felipão (já foi confirmado?) de volta. E já que falamos de técnico, acho que o Internacional acertou ao contratar o Dunga para dirigir o time no próximo ano. Torcerei por ele.

O ano foi de alguns ganhos de “seguidores” no blog. Já são 33. Não é nada, não é nada... não é nada!  Mas foi ano também de perdas. Cadê Luvanor Belga, Ricardosanjos, Esther, Helga e outros que enriqueciam os debates de ideias?

Se o prefeito eleito cumprir o programa que está divulgando, nas próximas eleições votarei para sua reeleição. Na OAB espero que a chapa eleita, tenha atuação voltada para os interesses dos profissionais da advocacia. A Instituição adotou uma linha de partidarização, vinculação política, o que condeno veementemente. E nossos interesses ficaram relegados. As mazelas do Judiciário deveriam estar sendo combatidas com vigor e coragem.

Cada dia mais me convenço que a pena de morte é um imperativo. Mesmo que para vigência transitória, até que sejam postos sob controle  os índices elevadíssimos de criminalidade, com a banalização da vida humana, com os crimes de morte gratuitos atingindo grau inaceitável, selvagem , de ocorrências. Pelo menos vinte anos de pena de morte acompanhados de programas educativos talvez nos colocasse num patamar dito civilizado, com crimes apenas cometidos por psicopatas,  e excluídos da sociedade.

No mais, o ano termina com Tonny Bennett, de novo, no Rio. James Bond, de novo, nas telas. Show de Roberto Carlos, de novo, no Maracanãnzinho. Fluminense, de novo, campeão brasileiro. Vettel, de novo, campeão de Fórmula 1, and last, but not least... Mano Menezes fora da seleção

Agora pasmem! Pela vez primeira o Brasil conseguiu classificação para disputar o campeonato mundial de ...beisebol. É mole? E sequer conheço as regras do jogo.

Enquanto isso terminaremos o ano na 14ª posição no ranking da FIFA.

Aqui ponho um ponto final neste balancete, que continuará em aberto para incluir sugestões, palpites e opiniões que venham via comentários.

28 de novembro de 2012

Desempenho do Vasco da Gama no Futebol (1958 a 2012)




Por
Carlos Frederico March
(Freddy)









Sou torcedor do Vasco da Gama. Venho abordar um tema que tem sido alvo de conversas acaloradas entre torcedores, irados com o atual desempenho pífio do time, sem conquistas expressivas nos últimos anos. O melhor que conseguimos depois da volta à série A foi um vice-campeonato em 2011, numa campanha quase brilhante. "Só" faltou o título. Seguiu-se um desempenho excelente no primeiro turno de 2012, quando então a calamidade se estabeleceu (novamente). Não fosse a gordura acumulada, teríamos sido rebaixados (novamente!).

Uma vertente da torcida clama pelo retorno do polêmico Eurico Miranda, alegadamente um dirigente que trouxe glória e títulos ao Vasco da Gama em sua gestão. Isso seria verdade? É o tema deste post. Começarei fazendo uma relação do desempenho do Vasco da Gama no futebol desde 1958, quando me tornei oficialmente torcedor:

1958 - Campeão Estadual
1959 a 1969
1970 - Campeão Estadual
1971
1972
1973
1974 - Campeão Brasileiro
1975
1976
1977 - Campeão Estadual
1978
1979
1980
1981
1982 - Campeão Estadual
1983
1984
1985
1986
1987 - Campeão Estadual
1988 - Bicampeão Estadual
1989 - Bicampeão Brasileiro
1990
1991
1992 - Campeão Estadual
1993 - Bicampeão Estadual
1994 - Tricampeão Estadual (único tri estadual da história do Vasco)
1995
1996
1997 - Tricampeão Brasileiro
1998 (centenário) - Campeão Estadual / Campeão da Copa Libertadores da América
1999 - Campeão do Torneio Rio - São Paulo
2000 - Tetracampeão Brasileiro / Campeão da Copa Mercosul
2001
2002
2003 - Campeão Estadual
2004
2005
2006
2007
2008 - rebaixado à série B do Brasileiro
2009 - Campeão Brasileiro série B
2010
2011 - Copa do Brasil
2012


Virada histórica: Vasco 4x3 Palmeiras (1º tempo: Palmeiras 3x0)

Vamos comparar então com os fatos que temos.  De 1959 a 1981 (23 anos), o Vasco foi apenas campeão estadual em 1970 e 1977, além de brasileiro em 1974. Há um título em 1964 que não relacionei, pois a disputa final não foi realizada e 4 clubes foram declarados igualmente campeões.

Em 1980 Alberto Pires Ribeiro assumiu a presidência do clube e designou Eurico Miranda para representante do Vasco na Federação Estadual do RJ. O Vasco conseguiu sagrar-se campeão estadual em 1982, depois de quatro vice-campeonatos. Ponto para Eurico? Hmmm...

Eurico se afastou da composição política existente e resolveu peitar, como oposição, a chapa de Antonio Soares Calçada, que o bateu e se elegeu presidente do Vasco da Gama para a gestão 1983-6 e posteriores, afastando-se da presidência somente ao final de seu mandato 1998-2001.

=> Primeiro fato a ser observado pelos leitores: Antonio Soares Calçada presidente do Vasco da Gama de 1983 a 2001.

Calçada aceitou a presença marcante de Eurico no cenário político interno do Vasco e finalmente o empossou como vice-presidente de futebol em 1986, quase imediatamente após vencê-lo na eleição presidencial para o período 1986-9.

=> Segundo fato a ser observado pelos leitores: Eurico Miranda empossado como vice-presidente de futebol do Vasco da Gama em 1986, mantendo-se como tal até o término do mandato 1998-2001 de Calçada.

Este foi o segundo período áureo da história do Vasco da Gama (o primeiro tendo sido de 1945 a 1952). Como destaque, no ano do centenário da fundação do clube (1998), o Vasco foi ícone no cenário esportivo brasileiro, vencendo competições em diversas modalidades esportivas, incluindo basquete sul-americano.


Copa Libertadores da América - 1998 (foto: Globo Esporte)


Em 2001 Calçada se afastou do cenário político, apoiando Eurico que ganhou a eleição presidencial para o mandato 2001-4. Reeleito para 2004-7 e novamente para 2007-10, mas já envolto em ações judiciais, foi eventualmente afastado e não terminou o terceiro mandato. Roberto Dinamite foi eleito em escrutínio especial, fora de época, para a gestão 2008-2011 e, reeleito, se manterá presidente do Vasco da Gama até 2014. Não há necessidade de abordar detalhes polêmicos sobre condenações na justiça, fraudes em eleições e assuntos similares. Estou apenas apresentando fatos concretos. Quem estava à frente do que e quando.

=> Terceiro fato a ser observado pelos leitores: Eurico Miranda assume a presidência do Vasco da Gama e ali se mantém de 2001 a 2008, quando Roberto assume.

Todas as ações judiciais contra o Vasco da Gama iniciadas durante as gestões de Eurico Miranda explodiram em cima de Roberto Dinamite (desculpem o trocadilho) de modo que ele assumiu um verdadeiro mico. Recursos financeiros e arrecadações bloqueados pela justiça, dificuldade de arranjar patrocinadores por mau desempenho, tornam quase impossível a gestão do futebol no clube.

=> Quarto fato a ser observado pelos leitores: Roberto Dinamite é o presidente desde 2008, ano em que o Vasco é rebaixado à 2ª Divisão do futebol brasileiro. O único título de sua gestão não nos enche de orgulho, muito pelo contrário: campeão da série B em 2009... 

Vamos resumir tudo? Pois bem: consultem novamente a relação de títulos e comparem com os fatos marcantes apontados no texto:

1) Calçada presidente de 1983 a 2001
2) Eurico vice de futebol da gestão Calçada, de 1986 a 2001
3) Eurico presidente de 2001 a 2008.
4) Roberto presidente de 2008 até hoje.

Perguntas que ficam no ar:

1) Eurico merece o cartaz que parte da torcida lhe confere?
2) Seria Calçada o verdadeiro mentor do sucesso entre 1987 e 2000?
3) Roberto é incompetente de verdade ou apenas incapaz de lutar contra o que herdou?

Fica aberto o debate para você, leitor.

27 de novembro de 2012

E agora, José?


 Por
Gusmão
(rodneygusmao@yahoo.com)

O "blog manager”, como o chama o Ricardo desde a Carolina do Sul, hesitou muito antes de publicar meu post que está em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2012/11/os-tres-reis-duvidas-e-suposicoes.html

Ponderou comigo, através de e-mail, que algumas pessoas talvez não estivessem preparadas para aceitar a minha versão, que  entendia bem-humorada, dos fatos ligados ao nascimento de Jesus, em especial  o episódio dos Reis Magos.

Em comentários pediu que a ira dos leitores inconformados fosse dirigida a mim e não a ele, no caso mero editor e não autor do texto.

No entanto, acabo de ler numa revista semanal, cujo nome irei omitir para não parecer merchandising, que o Papa atual, Bento XVI, acaba de publicar, sob o titulo de “A infância de Jesus”, sua própria interpretação dos fatos narrados por Mateus e Lucas.

E olha que Sua Santidade tem uma interpretação mais moderninha do que a minha. A começar do fato de contestar a data de nascimento do Messias.

Sua Eminência Reverendíssima acha que Jesus nasceu 6 ou 7 anos, antes de seu nascimento. Estranho? Não, apenas questão se calendário. Quando começou a era cristã (atualmente com 2012 anos), neste calendário que adotamos no mundo ocidental, Jesus já tinha seis ou sete anos.

Vai além ao admitir que a estrela de Belém, que teria guiado os reis magos, não passou da explosão de uma supernova bem próxima da Terra.

Os próprios reis, nesta revisão de Sua Santidade, perderam seus títulos nobiliárquicos, sendo chamados apenas de Magos pelo Papa. Assim como São Francisco perdeu o saco em Niterói.

Quanto ao boi e ao burrinho, segundo o Sumo Pontífice, trata-se de uma alegoria de humildade, eis que o nascimento se deu em uma gruta, e sem o coral de anjos cantando a glória de Deus.

Ora vejam só, o próprio Papa, o respeitável Cardeal Joseph Ratzinger, tido e havido como profundo conhecedor dos dogmas da Igreja, dos textos bíblicos e das leis canônicas, tem uma livre interpretação dos fatos e circunstâncias relacionados ao nascimento do Salvador.

Só não está bem explicado porque Deus deixou José numa situação desconfortável, tendo que aceitar ser acusado de corno, com a história de que foi o Espírito Santo que emprenhou Maria.

Ele não poderia ter criado seu filho, nosso Salvador, a partir do barro, como fez com Adão? Evitaria o constrangimento de José.

26 de novembro de 2012

Adágios, pensamentos, apotegmas e dedicatórias


Todos os minimamente esclarecidos têm suas frases de efeito prediletas. Elas são recorrentes em discursos, teses, pareceres e até conversas coloquiais.

Eu tenho as minhas, assim como aforismos, provérbios e dedicatórias. Sobre dedicatórias já me manifestei no blog. Acho irretocável, porque de uma síntese absoluta e porque expressa o quanto alguém pode ser essencial para nós. Falo de Saramago, homenageando sua companheira Pilar Del Rio: “A Pilar como se dissesse água”. Esta dedicatória está  em sua magnifica obra “A viagem do elefante”. Se você não leu, ainda,  este livro, não sabe o que está perdendo.


De Gaulle
Algumas frases ficaram  célebres, mas foram desmentidas por aqueles que as teriam proferido. De Gaulle nunca disse que o “Brasil não é um país sério”, assim como Otto Lara Resende nunca disse que “o mineiro só é solidário no câncer”. O Otto era um bom frasista, mas esta sobre a solidariedade do mineiro, foi uma provocação do Nelson Rodrigues.


Algumas frases encerram um quê de filosofia, como na cunhada por Paulo Alberto Monteiro de Barros, mais conhecido como Artur da Távola, político, cronista e comentarista de TV. É dele  a melhor definição sobre a vida: “Viver é acumular perdas”. Você conhece verdade mais definitiva do que esta?

Olhe sua vida e veja o que perdeu: o pai, a mãe, um emprego, um brinquedo que quebrou, um amigo, um amor juvenil, uma viagem, um jogo decisivo...

Millôr, um dos gênios brasileiros, era profícuo em frases definitivas. Uma delas, que se refere a atividade profissional, acho bem interessante e pertinente: “Combinado o preço podemos começar a trabalhar por amor a arte.”

Julio Cesar


Algumas freses que se eternizaram  eram despretensiosas. Sequer tinham outra intenção que não o desabafo. Vejamos, por exemplo,  uma muito  usada em situações onde o componente traição está presente, e proferida por Cesar: “Até tu Brutus?”




Algumas piadas clássicas tiveram uma ou outra frase incluídas definitivamente    em nosso dia-a-dia. Quem não lembra do "ou dá ou desce" ?

A propaganda também é terreno fértil para criação  de ditos populares: lembro de duas frases que estão consagradas: "Bonita camisa, Fernandino" e "Não é nenhuma Brastemp", utilizadas corriqueiramente como elogio e comparação entre coisas.

Uma boa frase, que vale reflexão, é na verdade um verso do poema “Sombras na sala”, de autoria de meu filho homônimo: “Sempre falta pouco tempo para alguma coisa que nunca virá”.

Pessimismo, ceticismo ou realismo?

Bem, não vou enumerar as centenas de frases que colecionei ao longo da vida, seja pelos ensinamentos nelas contido, seja porque adequadas para conceituar  um pensamento, uma ideia, seja porque simplesmente serviriam para adornar, enriquecer um texto, uma petição, um recurso no tribunal.

Fique a vontade para citar a sua preferida em comentários. Quem sabe não conheço e incorporo a minha coleção.

25 de novembro de 2012

The Holiday Season (II)


Por
Ricardo W Carrano
Carolina do Sul - USA



Christmas in the Mountains 2010-2012.


By early December 2010, my son-in-law Eduardo came up with a very interesting idea. Eduardo is a very intelligent and successful young man, a PhD Chemical Engineer, born in the south of Brazil. His family and ours get along pretty well ever since he and my daughter Dani were only just friends at Clemson University, South Carolina.

So, it came about that Eduardo rented and invited us (I and my wife), his parents Vicente and Marisa and brother Victor Hugo to spend the Christmas holiday at a cabin in the mountains of North Carolina, a place located in the city of Saluda called “The Blackberry” (only about 50 minutes from our house). My wife Celia and I were off course delighted with such great Christmas present and started wondering about this weeks before. In fact there was among this unique group of individuals the common desire of having a “White Christmas” or a snow fall on Christmas Eve or during the day. For us or at least for me, a Brazilian from the beach, it was absolutely a lifetime first.


Marisa, Dani, Celia and Eduardo in front of the cabin
The excitement got bigger when by December 20th we learned from the news weather forecast that there was a big possibility of Snowing that Christmas Eve. In fact snow in the Appalachian Mountains is not uncommon in winter time; however it doesn’t happen all the time.

As we all know, be careful with what you want, because you might get it!

By December 23rd we packed our presents, food, lots of good wine and beer and gathered at the Blackberry. We were all having the a great time, and as predicted it started snowing by Christmas early morning.


White Christmas
Well, but there was just a little catch: That year we got the strongest snow storm since 1993 in South and North Carolina and the Mountains got about 25 to 30 centimeters of snow which pretty much made impossible for us to leave the Blackberry and drive home not only because of the snow itself but because the road to access the cabin is unpaved.

Snow fall starts
Well, it was not so bad, because we had plenty of food and supplies, so we all accepted the idea of staying there for another couple of days waiting the snow to melt. But trouble is, that we lost electrical power by the 26th of December and there was no fireplace at the house and the internal heating system was electrical. We never felt so cold in our entire lives. It was about -5c and it turns out the situation was then, complicated. So, we made the only possible choice: We abandoned our cars with most of our baggage inside and walked on that cold about 4 km to get to the main road where and from there, returned home in a rental car.



                                                                                      
The aftermath at the Blackberry.

But as I mentioned before, this unique group of individuals, has again accepted Eduardo’s idea of having another Christmas at the mountains this year. So my son-in-law has already rented another cabin in the Appalachians, North Carolina.

Therefore, since we all believe that everybody deserves a second chance, we are going this time to another place in North Carolina about 2 hours from our house a place named as “Eagle Ridge” close to a Cherokee reservation (very Indian!).

After fourteen years in the USA, we learned that Mother Nature is more aggressive here at the north then is on my birth place. I also believe the two major storms may not happen in such small interval of only 2 years. But as I mentioned, is not an uncommon event.

So, this time we are making the necessary preparations, not only taking with us things like tire chains, but this time the house has a wood and gas fireplace, and, there is the possibility of getting someone with a tractor to help us, just in case.

Well, in the end I promise to all the readers of this post that I will let y’all know about our new experience as soon as this Blog reopens after New Years. For now I must say that we are all excited again, because of the adventure and the possibly of this new get-together, and have a nice family holiday, so Merry Christmas to everybody!



PS: 1) Pictures source is myself ; 2) This post was written in English due to a suggestion of this Blog Manager, my beloved cousin Jorge Carrano. Thanks!

24 de novembro de 2012

Meu bar ideal




Por
Carlos Frederico  March
(Freddy)







Estou, de certa forma, plagiando o grande Luís Fernando Veríssimo, que já abordou esse tema em uma de suas crônicas e de maneira brilhante. No caso vou me permitir, humildemente, dar minha versão acerca do que acho que seria um bar ideal.

Para os que não sabem, eu tenho um piano-bar dentro de casa. Piano-bar? Sim, pela simples razão de que na sala específica, além do bar em si, tem um piano eletrônico e eu o toco eventualmente. Só que o que importa para o momento é que um bar caseiro não supre a necessidade de um local onde se possa espairecer a cabeça ou simplesmente pensar em paz, sem as interrupções normais decorrentes do cotidiano doméstico.

Piano-bar caseiro do autor

Vamos lá. O meu bar ideal teria uma decoração interna toda em madeira com cortinas de pano discretas e não exatamente leves, remetendo a ambientes de serra. As janelas, caso o imóvel tivesse paredes viradas para o exterior, deveriam ter uma folha interna para cortar a luz excessiva durante o dia, que tem o poder de matar o clima de intimidade que eu acho que meu bar ideal deve ter.

Claro, esse bar deve ser bem pequeno, quase um bistrô. Digamos de 6 a 8 mesas de madeira, a maioria para apenas 2 ocupantes, cadeiras firmes com estofamento de couro. Abro exceção para uma ou duas de 4 lugares, mas o ambiente deve se pautar nas conversas intimistas e quase inaudíveis, porque a ideia não é trazer amigos para uma noitada regada a álcool. Para isso existem os grandes bares e botecos.

As luzes artificiais (esqueçam as janelas, em geral mantidas com as cortinas cerradas) teriam tonalidade quente e seriam reguladas numa intensidade mediana, suficiente para se enxergar o que se bebe ou come mas sem ofender nossas retinas. Música? Quase inaudível, de preferência "easy-listening" instrumental. TV? Nem pensar! OK, hoje em dia é indispensável ter wi-fi...

O barman ficaria atrás de um balcão de tamanho mediano, com tampo de mármore escuro e 3 ou 4 bancos altos, também pesadamente estofados de couro. Não sei porque gosto de couro verde escuro, acho que combina com a madeira e dá um pequeno toque de cor no ambiente. Ali poderíamos apoiar os cotovelos na bancada quando solitários e eventualmente trocar 2 ou 3 frases com o citado barman, que teria de ser a mais educada e reservada das pessoas. Sua maior virtude seria respeitar a necessidade de introspecção de seus estranhos (admito) frequentadores.

Em sendo um bar, seria desejável um bom acervo de bebidas e drinks, incluindo desde destilados até cervejas (especiais) e vinhos (alguns). Não acho necessário que tenha "tudo", mas ao menos o essencial.

Para tirar o gosto, já que não espero que o bar ideal sirva também como restaurante, o básico. Amendoins e similares, queijinhos, alguns frios e embutidos, uma pastinha ou outra com uma pequena variedade de pãezinhos e torradas. Para quem quiser algo quente, minha sugestão seria quiches ou pasteizinhos de forno, fáceis de armazenar e esquentar. Uma sopa-creme do dia não faria mal, apesar de não ser adepto. Pequenos crepes ou omeletes feitos na hora dariam talvez um toque de classe.

Esse bar deveria idealmente se situar num local de fácil acesso e estacionamento tranquilo, de preferência num lugar aprazível e sossegado. Com relação a preços, eu ficaria imensamente feliz se o proprietário praticasse o lucro contido, precificando os itens de uma maneira honesta e que me permitisse uma frequência relativamente assídua.

Pronto! Alguém conhece alguma pérola similar ao que acabo de descrever?

23 de novembro de 2012

AMOR TETRACOLOR





Por
Paulo March
(Riva)







Tudo começou em 1958 ou 59 (acho) quando ganhamos um jogo de Totó dos nossos pais, e os times eram Vasco e Fluminense.

Como eu não tinha direito de escolha em nada - pois não era o primogênito, coube a meu irmão fazer a 1ª escolha. E graças aos Céus, ele escolheu o Vasco (porque era o time de mamãe - nosso pai era América !). Fiquei com o Flu.

Aqui cabe uma observação sobre "escolhas" lá em casa : mais tarde, meu irmão decidiu que seria engenheiro, e eu fui "aconselhado" a ser médico, pois ele já tinha escolhido a Engenharia, e não sei porque, não podia ser igual .... rsrs. Mas eu já era bem grandinho, e exercitava minha rebeldia há pelo menos uns 4 anos, e resolvi ser engenheiro também (hehehe).

Mas voltemos ao Flu ... 

Castilho*, para o Autor o maior ídolo da história do clube

Acompanhei o Fluminense desde 1959, quando vibrei pela 1ª vez com seu título estadual, super valorizado na época. 

Atravessei a juventude indo a vários jogos no Maracanã, Ítalo del Cima (Campo Grande), Caio Martins (raras vezes o Flu jogou ali), Teixeira de Castro (Bonsucesso) e Rua Bariri (Olaria). Não me recordo de ter ido a outros estádios. Vibrava, acompanhava tudo pelo meu radinho de pilha, com muita euforia, mas nada que extrapolasse as comemorações convencionais. 

E acreditem, só tive uma única camisa do Flu ; na época, não existia essa febre de uso das camisas dos clubes. As torcidas eram identificadas por suas bandeiras e pela localização dentro dos estádios.

Posso citar talvez apenas 2 casos, digamos, diferentes, da minha emoção torcendo pelo meu Fluminense :

- aquele 0x0 na final de 63 num Fla x Flu sensacional ... não sei porque, naquele domingo, tive que ir na missa, e claro, assisti-a com o radinho de pilha na orelha, sob os olhares fuzilantes de todos dentro da igreja. Pra sorte deles, não teve gol do Flu durante a missa ... rs

- derrota para o Fla (tenho que checar o ano), com um gol de falta do Leandro aos 46 do 2º tempo - atirei o radinho no chão, espatifando-o em mil pedaços.

Até antes da "era" atual, os jogos do FLU mais emocionantes na minha vida tinham sido 3 Fla-Flus :

-  Flu 3x2 em 1969, quando fomos campeões nesse jogo - fui ao Maracanã com meu querido professor Malker, do Instituto Abel, já falecido.

- Flu 1x0 em 1983, com gol de Assis aos 46 do 2º tempo - inesquecível .... a torcida do Flamengo toda girando as camisas sobre a cabeça, gritando "é campeão" e "está chegando a hora" ..... e a hora chegou mesmo ..... A BOLA PUNE !!!! rsrsrsrs

- Flu 3x2 em 1995, com o famoso gol de barriga do Renight (apelido do Renato Gaucho no Twitter) ... histórico ! Que jogo, com diversas diferentes situações de domínio em campo, expulsão, golaços, tudo que tem direito uma grande decisão.

Passei então uma boa fase da minha vida como um torcedor tranquilo do Flu. Muitos anos, na verdade. Dos nossos 3 filhos, dois  são tricolores e um não pude evitar : criado no playground, na época daquele timaço do Zico .... tirem suas conclusões rsrsrsrs. 

Mas pelo menos consegui impedir que a família da Isa cooptasse um deles para a torcida do Vasco ! A Isa não ligava para isso, nunca ligou, mas a família dela é daquelas que se hoje você pedir para escalarem uma seleção brasileira, até o Alecsandro vai estar lá com a 10 do Pelé !!!! É sério rsrsrs.

E os anos foram passando, passando, e não me perguntem porquê, surgiu uma paixão desenfreada, descontrolada em 2008, na Libertadores da América. O estranho é que isso não aconteceu somente comigo. Aconteceu praticamente com a torcida inteira. Aquele time tinha um carisma imenso, assim como seu treinador Renight, além de futebol. Na verdade, essa euforia foi alimentada pela conquista da Copa do Brasil em 2007, verdade seja dita.

Bom, acredito que todos, ou quase todos, sabem o desfecho. Final histórica no Maraca, e derrota nos penalties para a LDU do Equador. 

Para vocês terem uma ideia de como aquilo tudo nos marcou de todas as formas, até hoje revejo 3 jogos daquela competição, que tenho gravados integralmente : além da final, revejo 3x1 no São Paulo e 3x1 no Boca Juniors. As imagens da GLOBO na torcida são maravilhosas. Tem cenas super marcantes ! Que torcida linda a nossa !

Um fato muito marcante aqui em casa sobre essa Libertadores, é que meu filho caçula tricolor morava nos EUA, e, acreditem, ficávamos ligados o tempo todo, em tempo real, durante todos os jogos. Quando ele não conseguia transmissão ao vivo lá, eu colocava a câmera do laptop virada para a minha TV, pra ele ver o jogo via Skype !!!! Loucura total ......

E aí veio 2009. Foi um massacre emocional. 

A caminhada final do Flu para evitar o rebaixamento, dado como certo por todos os Cavaleiros do Apocalipse, essa caminhada transformou aquele grupo no Time de Guerreiros, marca registrada até hoje para o time do Fluminense.

Não sei como não morri naqueles 6 jogos finais do campeonato brasileiro de 2009. Talvez tenha morrido, e tudo que vivencio hoje é na verdade em outra dimensão !  

Isa, esposa, com a camisa do tricolor




A paixão pelas cores continuou crescendo em mim e em toda a torcida, contagiando até a Isa, devido à nossa intensa vibração e o envolvimento muito forte de todos daqui de casa em todos os jogos do Flu. 









João, neto, com Assis
Passamos a comprar camisas, ir a vários jogos, etc. Aqui uma observação que esqueci, e é importante : o meu filho mais velho casou com uma tricolor fanática (rs), e nosso neto de coração é super tricolor também. Então a Isa está, hoje, cercada por 5 tricolores, tendo em vista que o filho rubro-negro reside fora do Brasil.

Passei a usar o Twitter para comunicar-me com a torcida tricolor. Hoje tenho mais de 500 seguidores. É viciante rsrsrs. 

Fundei a FluSofá e criei o RIVA´s STADIUM, ambos famosos entre os seguidores no Twitter. 
O Riva´s Stadium é a minha sala, composta de Sofá Sul, Sofá Oeste e Cadeiras Norte Especiais hahahaha.

Veio 2010, e o time foi TRIcampeão brasileiro, num campeonato muito difícil até a rodada final. Chorei como criança quando acabou o último jogo.

Quase chegamos em 2011 (3º lugar), e veio 2012 .... meus amigos, só quem está no meio disso tudo pode testemunhar .... essa torcida do Fluminense é uma loucura ! Afirmo a vocês que desde o início do campeonato, a grande maioria sempre acreditou que seríamos Tetracampeões.

Eu fui um dos que não acreditou, principalmente naquela fase espetacular de performance do Vasco, e do próprio Atlético Mineiro.

Fomos encostando, encostando, e ultrapassamos. E aí, uma catarse na torcida, com 100% realmente dizendo que seríamos campeões por antecipação. Jogos acompanhados minuto a minuto. E chegamos ao título faltando 3 rodadas pra acabar o campeonato !!!!

Quem já foi campeão brasileiro sabe a alegria que sentimos. Sem desmerecer os outros títulos, mas essa torcida do FLU é algo muuuuuuito especial. E pra nós, aqui em casa, muito mais ainda. Explico ....

Meu filho mais velho, tricolor, trabalha no Fluminense, na assessoria de imprensa. E estava trabalhando há algum tempo, registrando o comportamento da torcida, nas arquibancadas, viajando com o time. 

Rodrigo, filho, segundo a partir da esquerda

Imaginem a experiência de um tricolor, a trabalho, vivenciando o dia a dia do seu time, que culmina com a conquista de um título histórico !!!! No jogo da conquista, contra o Palmeiras, foi e voltou no avião junto com o time. Quanta emoção, quanta coisa pra guardar no coração !!!!

Desfilou no carro aberto até as Laranjeiras com o time, documentando a reação da torcida em todo o trajeto do Galeão até o estádio ...... e nós, sem dormir, acompanhando tudo até 4h da manhã, ao vivo, pela internet !!!!

Enfim, o envolvimento está demais, esta bonito, conquistas, muita alegria, que espero continue, pois o momento é de muita alegria. Une, contagia, supera, arrebata ! 

Assim é o futebol, e sempre será. 
Na alegria e na tristeza. 
Tenho 2 grandes amigos palmeirenses, que estão vivenciando o oposto. 

É uma paixão muito forte .... só não esperava estar tão apaixonado aos 60 anos.

Saudações TETRAcolores, já planejando um upgrade para PENTAcolores.


Nota do editor: Sobre Castilho, leiam em http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Jos%C3%A9_Castilho